Humulheres,
Fernanda e demais, tenho tentado falar sobre “a história do saber” nos locais abaixo indicados. Convido-os para irem lá:
Humulheres,
Dicona de leitura: fui presenteado pelo Beto com um livro de um amigo dele numa noite dessas, claro que fiquei entusiasmado, pois o presenteador sabe do meu vício por livros. De cara já gostei da capa e do título em especial o subtítulo. Trata-se do livro Duetos de cores nuas (Existência em Prosa Poética), de “autonomia” de Claudio Bacellart!
Humulheres,
.
A foto abaixo, tirada sem que o forografrado soubesse que estava sendo capturado, levou Pessoa a batizá-la de “em flagrante de litro”.
Humulheres,
Lendo encontrtei:
“Como a vasta maioria dos cristãos comuns era analfabeta, a arte era o único meio de comunicação de massa”! R. A. Scotti, Basílica de São Pedro, Nova Fronteira, p. 66.
Felizmente não é o nosso caso!
O grande sofistas Górgias já disse: "Através da vista, a alma é moldada até no seu caráter íntimo."
Como ele sabia o que dizia, vejam estas belezas trazidas pelo Gian, Beto e Cris:
e,
e,
e,
e,
Gostaram? Não?! Tento de novo com:
e,
e,
Veja como você é importante:
Duvido você repetir o abaixo:
De imagens (palavras desenhadas) à palavras escrivinhadas:
Na semanada passada cumprimentei as mães e tentei incentivar os filhos a fazerem o mesmo!
Disse eu:
“Assunto: Re: [prosa] Dia das Mães! Para todas, em especial a Ryana! - Parabéns!
Além de Yara, Néia, Tati, Cris e D. Rosa!
(História tirada do meu livro de memórias da adolescência: M A R A Ã (a esquina da verdade ou um amor que não morre!).)
- Certo dia, Ry, eu, aborrecente, andava muito malcriado com a minha mãe. Estávamos em sala de aula e a professora Darcy mandou que eu fosse para a frente dos colegas (Chico, França, Ciran, Júlia e Giselda, esta neta “torta” do “seu Antônio Oleiro, é filha da Ângela), ao lado de sua mesa, e lesse do livro que usávamos, uma das história de título “Amor Materno”, do Malba Tahan. Já adulto, tenho procurado essa história arduamente, mas não a encontrei, mas, ao que me lembro, dizia o seguinte:
“Certo dia, um viandante saiu pelo mundo em busca de aventuras. Ao
caminhar no fim da tarde por uma estrada, encontrou um ancião caído no meio da neve, que tremia de frio. Levou-o para uma cabana, onde alimentou-o e aqueceu-o.
Na manhã seguinte, o ancião quis saber de seu benfeitor o que ele fazia. Este então lhe disse que saíra pelo mundo em busca de aventuras, pois queria encontrar um tesouro, com o qual pudesse pagar os trabalhos que sua mãe tivera com ele. O ancião, então, dá-lhe um mapa e diz que o espera quando voltar com o tesouro.
O jovem sai para buscar a preciosidade. Quando volta, deposita o tesouro na cabana, onde está o ancião. Abre a tampa do baú e vê as inúmeras pedrarias. Eis que o ancião, separando os diamantes, diz:
- “Com estes, pagarás pela tua concepção.”
Separando os rubis, fala:
- “Com estes, pagarás pelos nove meses que ela te carregou no ventre.”
Com as esmeraldas apartadas, diz:
- “Com estas, pagarás pela dor do parto.” “Com as safiras, pagarás pelo leite com que ela te alimentou. Com pérolas, as noites em que estava febril e ela ficou ao teu lado. Com turmalinas, as preocupações quando demoravas a retornar.”
Depois de findas as pedras, o ancião arrematou:
- “Com que pagarás pelas preocupações com teu futuro, as preces em teu
nome e etc., etc., etc.?”.
E o jovem, cabisbaixo, pôde perceber que nem todos os tesouros do mundo
são suficientes para pagar o amor materno.”
Lá pela metade da história, enquanto lia, lembrei da minha mãe, seu constante dizer que ia morrer, minhas malcriações e desabei num pranto que foi motivo de espanto para a professora e gozação para os colegas. Certo é que não consegui terminar a leitura.
- Eu imagino, pois seus olhos estão marejados agora.
- Você não quer que eu chore aqui novamente?
- Por que não?
- Vão pensar que você está me torturando.
Riram.”
Poucos minutos depois a Rita Zarur Correa escreveu-me:
“Dr. Osório,
Achei. É esse o texto?”
Respondi-lhe:
Depois de mais de trinta e cinco anos, Rita, você me devolve a joia que eu pensei que jamais a encontraria novamente!
Do fundo do meu coração, querida, muito obrigado!
Ando numa fase ruim com minha mãe e você cai do céu para repor as coisas no seu devido lugar.
Me deste de volta meu tesouro!
Beijos e beijos e abraços e abraços.
Abaixo a história lida e relida:
Amor Materno
Malba Tahan
Um rapaz, chamado Ivã, saiu certa vez, pelo mundo em busca de aventuras.
Depois de viajar alguns dias, foi parar nas proximidades de uma pequenina aldeia quase abandonada. O frio era intenso e a neve caía em abundância.
Avistou Ivã uma mancha escura junto da estrada. Verificou tratar-se de um velho viajante que ali caíra vencido pela fome e pela fadiga.
Ivã, que era dotado de bons sentimentos, procurou auxiliar o infeliz. Levou-o ao ombro para uma choupana que havia perto, e, prestando os socorros necessários, conseguiu salvar ainda o pobre velho.
-"Onde vais meu filho?"- perguntou-lhe o ancião que era, aliás, um grande feiticeiro.
Ivã contou ao velho que saíra pelo mundo levado pela ambição de ganhar dinheiro.
-"Foste bom para mim. Quero prestar-te um auxílio. Vou ensinar-te a descobrir um tesouro"- disse o velho.
E, graças às indicações do falso "mouyik" conseguiu Ivã chegar até uma gruta onde se achava oculto, no meio das pedras, um incalculável tesouro.
Era uma riqueza tão grande, que, o faria o homem mais rico da terra. Ivã tomou de uma grande caixa e encheu-a de pedras preciosas.
-"Que tencionas fazer com essa caixa?"-Perguntou-lhe o mago.
-"Vou levá-la para aldeia onde nasci" - respondeu o rapaz. - Quero entregá-la à minha mãe, pois só assim pagarei o que ela fez por mim."
- "Vejamos se chega"- disse o velho.
E, abrindo a caixa, despejou no chão as gemas e pedrarias que dentro dela se achavam.
Separando um punhado de pérolas, disse:
-"Com estes brilhantes pagarás os trabalhos que ela teve durante a tua infância; as horas de fadiga que sofreu para preparar a tua roupa e o teu agasalho."
Amontoando rubis, esmeraldas e todas as outras pedras restantes, acrescentou:
-Com estas pagarás os cuidados que ela teve velando por ti, e evitando todo mal que te pudesse ferir". E o velho ajuntou:
-"E, como vês, ó jovem, o tesouro que levas não chega. Já separei todas as pedras e falta pagar ainda as angústias que tua mãe sofreu quando estavas enfermo, o carinho que te dispensou, as esperanças que em ti depositou... E essa dedicação não há tesouro que possa pagar."
E concluiu:
- "Cuida de tua mãe de modo que nada lhe possa faltar. Sê para ela dedicado, bom e obediente. Mas não julgues que poderás pagar, algum dia, o que lhe deves, pois é uma dívida tão grande, que nem mesmo todos os tesouros da terra a poderiam resgatar."
Minha memória me traiu?
Abraços,
Osório
P.S.: Poemas e Cia desacompanhada:
Et Dieu chassa Adam...
Et Dieu chassa Adam à coups de canne à sucre
Et ce fut le premier rhum sur la terre
Et Adam et Ève trébuchèrent
dans les vignes du Seigneur
la sainte Trinité les traquait
mais ils s’obstinaient à chanter
d’une enfantine voix d’alphabet
Dieu et dieu quatre
Dieu et Dieu quatre
Et la sainte Trinité pleurait
Sur le triangle isocèle et sacré
un biangle isopoivre brillait
et l’éclipsait.
Entenderam? Nem eu, mas alguém nos salvou:
E Deus expulsou Adão...
E Deus expulsou Adão com golpes de cana-de- açúcar
E assim fabricou o primeiro rum na terra
E Adão e Eva cambalearam
pelos vinhedos do Senhor
a Santíssima Trintade os encurralava
mesmo assim continuaram cantando
com voz infantil de tabuada
Deus e Deus quatro
Deus e Deus quatro
E a Santíssima Trindade chorava...
Por cima do triângulo isósceles e sagrado
um biângulo isopicante brilhava
e eclipsava o outro.
Autor: PRÉVERT, Jacques( 1900-1977). Poemas/Jacques Prévert: introdução, seleção dos poemas e tradução de Silviano Santiago. Rio de Janeiro - Nova Fronteira. p. p. 150-151.
Confissão osoriana: Eu não bebo, quero avisar, mas admiro tanto meus amigos que bebem que vivo tentanto querer imatá-los!
Já que o papo é bebida, vejam a receira proseada abaixo, ela me foi presenteada pelo Custódio em razão daquele assunto (cara melado! Lembram?).
Dry-martini
Num bar, para provocar e entreter um devaneio é preciso gim inglês. Minha bebida predileta é o dry-martini., Considerando o papel que o dry-martini representou nesta vida que relato, devo dedicar-lhe uma ou duas páginas. Como todos os coquetéis, o dry-martini é provavelmente uma invenção americana. Compõe-se essencialmente de gim e de algumas gotas de vermute, de preferência de NoiRy-Prata Os verdadeiros aficcionados, que gostam de seu martini muito seco, chegavam ao ponto de sustentar que bastava simplesmente que um raio de sol atravessasse uma garrafa de Noilly-Prat antes de atingir o copo de gim. Um bom dry-Martini, dizia-se em certa época na América, deve assemelhar-se à concepção da Virgem Maria. Sabe-se, efetivamente, que segundo Santo Tomás de Aquino o poder gerador do Espírito Santo atravessou o hímen da Virgem "como um raio de sol passa através de um vidro, sem rompê-lo". O mesmo ocorre com relação ao Noilly-Prat, diziam. Mas isso me parece um pouco excessivo.
Outra recomendação: é preciso que o gelo utilizado esteja totalmente congelado, muito duro, para que não solte água. Nada pior do que um martini aguado.
Permitam que dê minha receita pessoal, fruto de uma longa experiência, com a qual sempre obtive grande sucesso.
No dia anterior à vinda de meus convidados, coloco na geladeira tudo o que é necessário: os copos, o gim, a coqueteleira. Tenho um termômetro que me permite verificar se o gelo está numa temperatura de mais ou menos vinte graus abaixo de zero.
No dia seguinte, quando meus amigos já estão presentes, pego tudo o que me é necessário. No gelo bem duro derramo primeiro algumas gotas de Noilly-Prat e uma meia colher de café de angustura. Sacudo tudo, depois esvazio. Só conservo o gelo, que mantém os vestígios muito leves dos dois perfumes, e derramo gim puro sobre esse gelo. Bato ainda um pouco e sirvo. Isso é tudo, e não há nada mais além disso.
Em Nova Iorque, nos anos quarenta, o diretor do Museu de Arte Moderna ensinou-me uma versão ligeiramente diferente. Em vez de angustura, colocava-se um pouco de pernod. Isso me pareceu herético e, aliás, a moda passou.
Além do dry-martini, que continua a ser meu favorito, sou o modesto inventor de um coquetel que se chama Buflueloni. Na verdade, trata-se simplesmente de um plágio do famoso Negroni, mas, ao invés de misturar Campari com gim e Cinzano doce, substituo o Campari por Carpano.
É um coquetel que tomo de preferência à noite, antes do jantar. Aqui também, a presença do gim, que em quantidade supera os dois outros componentes, assegura um bom funcionamento da imaginação. Por quê? Não tenho idéia. Mas constato isso.
Como certamente compreenderam, não sou um alcoólatra. É verdade que, durante toda a minha vida, em determinadas ocasiões, aconteceu que bebesse até cair. Mas a maior parte do tempo trata-se de um ritual delicado, que não proporciona uma verdadeira embriaguez, mas sim uma espécie de zonzeira, bem-estar tranqüilo que talvez se assemelhe ao efeito de uma droga leve. Isso me ajuda a viver e a trabalhar. Se me perguntassem se conheci o infortúnio de não ter uma de minhas bebidas, um só dia de minha vida, diria que não tenho lembrança disso. Sempre tive algo para beber, porque sempre tomei minhas precauções.
Por exemplo, passei cinco meses nos Estados Unidos, em 1930, na época da proibição, e acho que nunca bebi tanto. Em Los-Angeles, tinha um amigo bootlegger* —lembro-me muito bem dele, faltavam-lhe três dedos numa mão — que me ensinou a distinguir entre o gim verdadeiro e o falsificado. Bastava sacudir a garrafa de uma determinada maneira: o gim verdadeiro fazia bolhas.
Podia-se também conseguir uísque nas farmácias, com receitas, e em determinados restaurantes servia-se vinho em xícaras de café. Em Nova Iorque eu conhecia um bom speak-easy** ("fale baixo"). Batia-se de determinada maneira numa portinha, uma fresta se abria, entrava-se rapidamente. Lá dentro, havia um bar coma outro qtialquer. Nele se encontrava tudo o que se desejava.
A proibição foi realmente uma das idéias mais absurdas do século. É preciso dizer que naquela época os americanos se embriagavam ferozmente. Depois disso, creio que aprenderam a beber.
Eu tinha também uma inclinação pelos aperitivos franceses, o picon-bière grenadine, por exemplo (bebida predileta do pintor Tanguy) e sobretudo o mandarin-ccuraçaobière, que me embriagava rapidamente, mais brutalmente que o dry-martini. Essas composições admiráveis, infelizmente, estão em vias de desaparecer. Assistimos a uma espantosa decadência do aperitivo, triste sinal dos tempos, entre outros.
* Contrabandista de álcool durante a lei seca nos Estados Unidos. (N. da T.)
** Bar clandestino. (N. da T.)
Claro está, de quando em quando, bebo vodca com caviar, aquavit com salmão defumado. Gosto do álcool mexicano, a tequila e o mezcall, mas não passam de sucedâneos. Quanto ao uísque, nunca me interessou. E um álcool que não compreendo.
Um dia, numa dessas notas médicas que se encontram nas revistas francesas — Marie-France, acho eu — li que o gim é um calmante maravilhoso e que luta, com grande eficácia, contra a angústia que muitas vezes faz parte das viagens aéreas. Decidi verificar imediatamente a veracidade dessa afirmação.
Sempre sentira medo de avião, um medo constante e irreprimível. Se via, por exemplo, um dos pilotos passar por nós, com ar sério, dizia a mim mesmo: "Pronto, estamos perdidos, vejo isso em sua fisionomia." Se, ao contrário, ele passava sorrindo, muito amável, eu dizia cá comigo: "Isso vai mal, ele quer tranqüilizar-nos." Todos esses medos desapareceram, como por encanto, no dia em que decidi seguir os excelentes conselhos de Marie-France. Tomei por, hábito, em cada viagem, preparar uma garrafa de gim, que envolvia em jornal para mantê-la fresca. Na sala de embarque, aguardando a chamada dos passageiros, bebia sub-repticiamente alguns goles de gim e logo me sentia calmo, seguro, pronto para enfrentar com um sorriso as mais terríveis turbulências.
Nunca chegaria ao fim, se tivesse que enumerar todos os benefícios do álcool. Em. 1978, em Madri, quando estava por desistir de continuar a filmagem de Cet obstar objet du désir,* em conseqüência de um desentendimento total com uma atriz, e Serge Silberman, o produtor, tomava a decisão de interromper o filme, o que representava uma perda considerável, uma noite encontrávamo-nos os dois num bar; bastante deprimidos, e, de repente, me veio a idéia, mas somente depois de um segundo drymartini, de contratar duas atrizes para representar um só papel, coisa que jamais for a feita. Serge adorou a idéia, que eu sugeria como pilhéria, e o filme foi salvo graças a um bar.
Em Nova Iorque, nos anos 40, sendo eu muito amigo de Juan Negrín, filho do ex-presidente do conselho republicano, e de sua mulher, a atriz Rosita Díaz, elaboramos um dia a idéia abrir um bar que se chamaria Au coup de can, e que seria escandalosamente caro, o mais caro do mundo. Só haveria lá bebidas especiais, incrivelmente refinadas, vindas dos quatro cantos do mundo.
Seria um bar íntimo, muito confortável, de perfeito bom gosto, é claro, com apenas umas dez mesas. Em frente à porta, a justificar o nome do estabelecimento, haveria uma antiga bombarda, com estopim e pólvora, que daria um tiro violento, a qualquer hora do dia ou da noite, cada vez que um cliente tivesse gasto mil dólares.
Esse projeto sedutor, mas muito pouco democrático, nunca se realizou. Fica consignada a idéia. É interessante imaginar um modesto empregado num prédio vizinho, acordado às quatro da manhã por um tiro de canhão, e
*Esse obscuro objeto do desejo. (N. da T.)
Fonte: LUIS BUÑUEL, Meu último suspiro, Ed. Nova Fronteira, tradução de Rita Braga, pp. 61-65.
Homulheres,
Vejam que mensagem legal que recebi:
Homulheres,
(Cris Lima)
Sexta diferente, pois quarta foi quarta!