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Poesia: deleite-se ou delete-me (19.04.13)

 

 

Caroas todoas,

 

Cris   Ana Cris

 

 

Lembranças de meu pai

 

 

Está na reta final, um livro que escrevi sobre minha infância em Maraã-Amazonas.

Vai de minhas primeiras memórias (por volta dos 5 anos de idade?!) até os meus 17 anos, quando meu pai, Juarez Barbosa de Lima, morre (embora eu tivesse 19 anos quando ele morreu, mas já estava separado dele há 2 anos, quando fui morar em Manaus).

São pequenos casos, muitos trágicos, outros que reputo engraçados, mas tudo a mostrar que a humanidade é muito parecida, pois o que acontecia no micro-Maraã, aconteceu, acontecia e acontece no mundo! Daí eu tentar fazer links entre Maraã e a Grécia da antiguidade, por exemplo.

Acho que vai ficar legal, especialmente para mostrar aos meus filhos um mundo que eles não viveram e nem viverão, mas, em especial, a importância de estudar. Para os demais, servirá para rememorar histórias parecidas e incentivá-los a escreverem para dividir conosco suas trajetórias.

Lá constará o seguinte:

Juarez lia pessimamente, apenas com grande dificuldade soletrava algumas frases e escrevia seus garranchos, que só ele entendia, no entanto tinha uma mente privilegiada: fixava tudo que via ou ouvia e era capaz de repetir tudo que ouvira da leitura de uma página inteira de jornal. Costumava ouvir o jornal da manhã transmitido por uma rádio de Manaus e depois saía contando as novidades para seus interlocutores. Como também compreendia e falava o espanhol, gostava de escutar rádios que transmitiam nesta língua, o que o tornava um comentarista internacional! Entretanto, sua melhor fonte de informações era sua esposa, Rosa, que lia para ele os jornais e as revistas de vários dias ou meses ou até anos passados, quando eles chegavam em Maraã, dos quais o ouvinte, em silêncio, absorvia tudo, enquanto sua leitora não lembrava da última frase que acabara de ler!

Estas leituras decoradas lhe davam argumentos para discutir todos os assuntos, com uma autoridade de quem era exímio conhecedor de cada assunto que discutia, como, por exemplo, olimpíadas (que ele pronunciava sem o acento!), petróleo, futebol, e, com maior carinho ainda, ditadura militar, pois sonhava com a volta dos políticos cassados, Jango e JK, especialmente, pois era fã incondicional deste último.

Mas, o melhor mesmo, era o contrate entre a memória paterna e a materna, pois a mamãe, nunca foi capaz de decorar qualquer informação imediatamente, como fazia o papai, mas, em compensação, sabia ler, coisa que o outro, pode-se dizer, não sabia. Ou seja, os dois se completavam.

Depois de muitos anos, quando conheci o suposto Homero, poeta grego cego do século VIII antes da era atual, embora já conhecesse pelo menos uma de suas histórias, sem saber que era dele (tratava-se de um excerto da Odisséia, e tinha por título “Polifemo, o ciclope”), duvidei que a autoria dos poemas que lhe são atribuídas fosse realmente dele. Os estudos continuam afirmando tal dúvida, eu, no entanto, ao lembrar as histórias que papai decorava e contava, passei a duvidar menos da própria existência de Homero, embora nunca tenha ouvido papai declamar um verso, a não ser nas músicas que cantava.”

São lembranças como esta, pois, que quero dividir com você num futuro que, espero, seja próximo.

 

Abraços e espetacular sexta-feira!

 

Osório

 

 

P.S.:

 

Gostei muito de te conhecer-te

 

Gostei muito de te conhecer!

Motivo?

És bonita ...

e é agradável ouvir-te.

 

Tua beleza leva à admiração oriunda co encantamento,

és uma escultura em movimento.

 

Tua voz, a princípio estranha, tem a sonoridade de uma música longínqua!

 

Se o que te digo é uma cantada?

Acho que não!

Quero apenas prostrar-me à sua frente e admirar-te

por horas a sem fim,

como se faz diante de uma bela escultura, da Pietá, por exemplo.

Esquadrinhar todos os detalhes do teu rosto,

desde a pálpebra semisserrada,

dos dentes de marfim,

dos lábios carnudos e rubros,

da tez veludo-porcelana,

do nariz em ângulo perfeito,

dos cabelos negros e fortes,

a lembrar da ondulação do mar à crina da mais bela potra.

Olhar tua iris e ver teu código secreto,

além de tantos outros detalhes a serem observados,

como quem estuda as pinceladas do pintor

e o polimento do mármore que pôs fim às marcas do cinzel.

 

Ouvir sua voz de olhos bem abertos,

para não perder a suavidade da sua boca ao falar,

nem me perder em imagens mentais

que não seriam tão belas quanto és tu presentificada.

 

O seu sorriso em mim não ilumina,

mas apaga a memória para tudo que não sejas tu.

 

Exalas um perfume suave

que o perfumista não é capaz de produzir,

pois teus movimentos suaves é que produzem essa mágica essência,

que é complementada com o aroma supremo do teu hálito,

ambos a me embriagarem e me levarem à perdição do êxtase da adoração.

 

 

São Paulo, janeiro e abril de 2013.

 

e,

 

Perigo

(Colaboração do Beto).

 

QUESTÃO DE VOGAL

 

O abastado é o que tem muito.

Não, não é bem assim.

O ABASTADO tem muita riqueza.

Só isso.

Mas é o ABESTADO que tem muita chatice.

E é o ABOSTADO que tem muita fraqueza.

O ABASTADO ABESTADO é um esnobe.

O ABASTADO ABOSTADO fica pobre rápido.

E o ABESTADO ABOSTADO...esse ninguém quer por perto.

A questão de fundo, aqui, assim, não é identificar aquele que tem muito.

A questão é de vogal.

 

Sabrina Nunes Dalbelo - 07/02/2013

 

 

 

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