Sofística
(uma biografia do conhecimento)
46.9 – Górgias e a retórica.
Guthrie ensina:
“Na mesma linha T. Gomperz (Gr. Th. 1.490) percebeu na retórica de Górgias "a vitalidade tempestuosa e desenfreada de uma idade em que o sangue jovem palpita com pulso indócil, e a atividade da mente está com excesso de matéria à sua disposição".
Força inquieta e indômita da juventude. [Osório diz: travestida, n vezes, de covardia. Ou seria: traduzida n... ?]
Hoje em dia, as palavras "sucesso" ou "homem bem sucedido" sugerem mais imediatamente o mundo de negócios, e só secundariamente o da política. Na Grécia, o sucesso que contava era primeiramente político e em segundo lugar forense, e sua arma era a retórica, a arte da persuasão.
Retórica é a arte da persuasão.
Seguindo a analogia, pode-se atribuir à retórica o lugar agora ocupado pela propaganda. Com certeza, a arte da persuasão, amiúde por meios dúbios, não era menos poderosa então, e, assim como temos nossas escolas de negócios e escolas de propaganda, assim também os gregos tinham seus mestres de política e retórica: os sofistas. Peitho, Persuasão, era para eles uma poderosa deusa; "a feiticeira à qual nada se nega", assim Ésquilo a chamou (Suppl. 1039s)"
Górgias em seu Encômio de Helena — um exercício escolar de retórica, sofístico em todo sentido.
(...)
Em Ésquilo, de outro lado, é Páris cuja mão é forçada por Persuassão, “a filha inseparável da ruína” (Ag. 385s). Píndaro fal do “chicote da Persuasão” (Pit. 4.219). (Fonte: Os sofistas, W. K. C. Guthrie, tradução, João Rezende Costa, Paulus, São Paulo, 1995, p. 50-51).