Sofística
(uma biografia do conhecimento)
45.8 – Sobre os deuses, por Pródico.
Diz Kerferd:
“A interpretação sociológica das crenças religiosas era uma parte essencial também das doutrinas de Pródicos, embora a natureza fragmentária, tardia e esparsa das referências torne difícil ir além da mera descrição do que ele tinha a dizer. Como Protágoras, ele estava interessado nas origens da religião nos primeiros estágios do desenvolvimento das sociedades humanas. Ele disse duas coisas distintas: a primeira foi que as coisas que alimentam e beneficiam a vida humana foram as primeiras a ser consideradas deuses e a ser reverenciadas. A lista de tais coisas incluía o sol, a lua, os rios, os lagos, as fontes, os quatro elementos, pão, vinho, água, fogo, e assim por diante, com cada uma das coisas que eram úteis. Várias delas vieram a ser identificadas com membros do panteão olímpico, tais como Demeter, Dioniso, Hefesto e Poseidon. Mas alguns destes figuram também na segunda coisa que ele disse, a saber, que as descobertas de novas espécies de vegetal cultivadas, alimentos e abrigo e outras artes práticas foram também incluídas nas classes dos deuses conhecidos, e uma fonte truncada parece sugerir que Pródicos considerava ser este um segundo estágio. É certo que Pródicos enfatizou a importância das práticas agrícolas no desenvolvimento de sacrifícios, mistérios e ritos de iniciação, e afirmava que essa era a origem, para os seres humanos, do conceito mesmo de deuses. (Fonte: O movimento sofista, G. B. Kerferd, tradução de Margarida Oliva, Loyola, São Paulo, 2003, p. 286-287).