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41.37 – Mal e ignorância.

Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

41.37 – Mal e ignorância.

 

Kerferd ensina:

 

Da insistência de Sócrates em dizer que virtude é conhecimento conclui-se que vício e mau procedimento só podem ser devidos à ignorância. Isto, por sua vez, leva à famosa afirmação socrática de que "ninguém peca deliberadamente", interpretada como significando que quem possui conhecimento do que é bom e do que é mau invariavelmente faz o que é bom. Para surpresa dos comentadores, descobrimos Protágoras, no diálogo que leva o seu nome, dando o seu assentimento a essa proposição exatamente (Prot. 352c8-d3). Entretanto, ambos, Protágoras e Sócrates estão bem conscientes de que essa não é a opinião comum. Como diz Sócrates (352d): "Você está consciente de que a maioria das pessoas não ouvirá nem a você, nem a mim; mas digamos que muitos, mesmo sabendo o que é melhor, não estão dispostos a fazê-lo, embora tenham poder de fazê-lo e, ao invés, fazem outras coisas. E sempre que lhes perguntei a razão disso, eles dizem que os que agem assim estão agindo sob a influência do prazer ou da dor, ou de algumas das coisas mencionadas agora mesmo" (a saber, impulsividade ou raiva [thumos], prazer, dor, desejo sexual e, frequentemente, medo). O resulta do é que consideram o conhecimento um escravo que é arrastado de um lado para outro por todo o resto (352b-c). (Fonte: O movimento sofista, G. B. Kerferd, tradução de Margarida Oliva, Loyola, São Paulo, 2003, p. 234-235).

 

 

 

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