Sofística
(uma biografia do conhecimento)
41.26 – Homossexualidade e oligarquia.
Ensina Gilbert Romeyer-Dherbey:
“No parágrafo 3º do apólogo de Héracles, Pródico passa à condenação da homossexualidade: Areté estigmatiza o fato “de usar homens como se fossem mulheres”. Vê-se, portanto, como era falso dizer que a homossexualidade era geral na Grécia antiga [Osório diz: a homossexualidade na Grécia antiga. Platão era homossexual, daí sua defesa, enrustida, da causa! Lembremos que as desgraças sobre os Labdácidas (Édipo e os seus) decorreu de um ato homossexual! Nada contra, apenas para colocar as coisas no contexto tido por histórico!]; era mais característica da aristocracia dórica, e limitada a esta casta guerreira. Pode-se deduzir desta passagem o afastamento de Pródico relativamente aos costumes e tradições aristocráticas, dado que “por toda a Grécia, os aristocratas sofreram uma forte influência dórica”. Este cambiante está confirmado por uma outra conotação política do texto quanto à escolha de Héracles. Depois de ter declarado: “sou honrada mais do que qualquer outra”, Excelência (Areté) delineia o campo da sua atividade; é “colaboradora amada pelos artistas”, “companheira bondosa dos servos”. Reconhecer que os artistas e servos têm parte na virtude, isto é, na excelência, revela a amplitude do humanismo de Pródico e traduz tendências políticas preferentemente democráticas ou, pelo menos, não oligárquicas. (Fonte: Os sofistas, Gilbert Romeyer-Dherbey, tradução João Amado, Edições 70, Lisboa, 1999, p. 66).