visão geral

Você está aqui: Home | Sofistas da Atenas de Péricles | Visão geral

11 – Sofística: sua defesa pela "segunda" Sofística.

Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

11 – Sofística: sua defesa pela "segunda" Sofística.

 

É Barbara Cassin quem diz:

 

A primeira sofística perdeu a guerra filosófica: Platão e Aristóteles reduziram-na ao pseûdos, não-ser, falso, falsificação, e a relegaram ao estatuto de má retórica, vazia de sentido [Osório diz: a boa é a deles]. Expulsão bem sucedida: a segunda sofística pertencerá então não ao corpus dos filósofos, mas ao dos oradores; [12] se quase não se hesita mais em lhe conceder apenas uma existência real, isolável, é necessário constatar que a importância que lhe atribuímos é sempre somente histórica ou literária.

Mas a segunda sofística volta, com Filóstrato, que assina seu registro de nascimento, à acusação de pseûdos contra a própria filosofia. Para Filóstrato, respondendo ao Fedro de Platão, a antiga sofística é uma "retórica filosofante" (Vida dos sofistas, I, 480), e só os melhores filósofos podem aceder ao nome e ao estatuto de sofistas: enquanto a sofistica se definia no livro [13] Gama da Metafísica por "parecer filosofia sem sê-lo", são agora os filósofos "que não são sofistas, mas apenas o parecem" (ibidem, 484). [Osório diz: a defesa da Sofística pela segunda sofística].

É verdade que no Império a sofística triunfa: se Hipócrates corava de vergonha no início de Protágoras diante da simples possibilidade de passar por um sofista, o imperador Trajano sobre seu carro de triunfo inclina-se na direção de Díon de Prusa para murmurar-lhe: "Não sei o que dizes, mas te amo como a mim mesmo" (ibidem, 488), enquanto na capela de Alexandre Severo se encontram, parece, quatro retratos: o Cristo, Orfeu, Abraão e Apolônio de Tiana, o herói do romance biográfico de Filóstrato.

Esse triunfo se apóia na hegemonia da paideía, da educação sofística, e no desenvolvimento de uma cultura literária: nas escolas onde o diretor é sofista, a "imitação retórica" propõe a apropriação, ao longo do curso, de todas as obras da antiguilidade clássica. Mas o que caracteriza essa retórica generalizada é que ela é criadora. Ao lado de um florescimento dos gêneros antigos, autonomizam-se gêneros novos, em particular o que se tornará literatura por excelência: o romance.” [Osório diz: o nascimento do romance]. (Fonte: Ensaios Sofísticos, Barbara Cassin, Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão, Edições Siciliano, São Paulo, 1990, p. 12-13).

 

2

Você está aqui: Home | Sofistas da Atenas de Péricles | Visão geral