Sofística
(uma biografia do conhecimento)
10.1 – Sofística e retórica e dialética, para Aristóteles.
É Barbara Cassin quem diz:
“Aristóteles acaba de enfatizar que a retórica "não tem como tarefa persuadir, mas ver o que se pode encontrar de persuasivo a cada vez". Também é manifesto, acrescenta ele, que:
Texto 2 (Retórica, I, l, 1355b 15-21):
Pertence à mesma disciplina ver o persuasivo e o persuasivo aparente, assim como é do domínio da dialética o raciocínio e o raciocínio aparente, pois a sofística não está no poder, mas na intenção; com a única diferença que, do ponto de vista da retórica, seremos oradores ora por nossa ciência, ora por nossa intenção, enquanto do ponto de vista da dialética, seremos sofistas por nossa intenção e dialéticos não por nossa intenção, mas por nosso poder.
O texto se esclarece quando compreendemos que ele versa sobre o estatuto do "aparente". Desde que dizemos phainómenon, do Sofista de Platão à Metafísica de Aristóteles e, ainda mais além, pensamos: sofística. Ora, trata-se de mostrar que essa combinação tão impertinente, aparência-universalidade, não faz entretanto da retórica, tampouco da dialética, uma sofística. Contudo, retórica e dialética não diferem da sofística da mesma maneira: é aliás por isso que elas são "semelhantes" ou "substituíveis" (em relação à ciência, por exemplo), mas não idênticas.” (Fonte: Ensaios Sofísticos, Barbara Cassin, Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão, Edições Siciliano, São Paulo, 1990, p. 120).