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Poesia: deleite-se ou delete-me (25.09.15).

 

Maraãvilhosos,

 

(foto)

 

No dia 22 de setembro próximo passado fiz aniversário!

 

Me dei poucos, mas recebi muitos presentes!

Um desses muitos recebi de Maristela Oliveira e José Rubens, colegas de trabalho no MPF!

Maristela e Zé, vocês, com suas presenças (estamos retratados nas fotos acima, embora o fotógrafo tenha maltratado nossas belezas, especialmente a da moça) me fizeram um cara muito feliz!

Obrigado, de coração!

 

Ainda sobre o lançamento do livro, o editor escreveu:

 

Das coisas belas que acontecem pela poesia...

 

Ontem, no lançamento do livro "Poemas passionais", do querido Osório Barbosa, pela nossa editora Pasavento, aconteceu algo muito bacana. Melhor dizer; bonito. Já no fim do lançamento, lá pela 1h30 da manhã, quando a maioria das pessoas já tinha ido embora (sim, o lançamento começou às 19h e foi até a madrugada) um dos garçons do Violeta bar se aproximou e comprou o livro. Depois de pegar a dedicatória com o autor, ele me cumprimentou e disse que o livro estava muito bonito. Eu perguntei se ele gostava de poesia. Ele respondeu que nunca foi acostumado a ler. Nem romance, nem história, nem poesia. Mas gostava de ouvir poesia. Que sabia que era bonito. Também disse que ouviu as pessoas dizendo que o nome do livro "Poemas passionais" se dava porque boa parte dos poemas falavam de amor. Então ele confidenciou, timidamente, pra mim, que não estava comprando o livro pra ele, e sim para uma garota, uma pretendente que ele iria presentear com o livro e dedicar à ela todos os poemas do livro, numa tentativa de conquistá-la. Na apresentação do livro, Osório escreveu "Poema é via de mão dupla. Não espero que gostem dos meus escritos, mas que os leiam, que os usem". E o Prof. Tercio Sampaio Ferraz Jr. (Academia Paulista de Letras) termina o prefácio que escreveu para o livro, justamente dizendo: "Osório diz que seus versos podem ser usados, mas como usar um verso?" Eis aí a resposta: o rapaz apaixonado do Violeta Bar, provavelmente, hoje à noite, usará os versos! (A poesia cumprindo mais uma das suas possíveis funções). Como diria Diógenes "Isso é o mais maravilhoso!".

Autor: Marcelo Nocelli.

 

Por falar em editor, ocorre com nós, com pretensão de autores a serem publicados, sermos extremamente injustos com esses profissionais! É que queremos que eles invistam seus capitais (financeiro e profissional) na publicação de nossas obras, mas costumamos, em contraparte, pagar-lhes com ingratidão e mesquinharia, ao não comprarmos os livros que eles editam!

 

E olha que não estou nem falando de quem não pode comprar, por obviedade, mas de quem tem uma margem segura, razoável e capaz de sustentar sua cultura sem tirar o leite da boca dos seus filhos!

Definitivamente, parece que nós, brasileiros, não somos acostumados, e nem queremos nos acostumar, a consumir cultura, embora cobremos das outras pessoas que o façam!

Eu, mesmo nos momentos de aperto financeiro, nunca deixei de consumir livros, cultura, portanto, já que foram os livros que me deram tudo que tenho!

Portanto, obrigado ao Marcelo Nocelli e a todos os editores, em especial Juarez de Oliveira, onde tudo na minha vida de publicado começou!

 

Isildo, Gabi Faggin, Thais Okada, Joel, Cláudio Fontella, Ulisses, Samantha, Paula, Zélia, Sérgio (colega, amigo, compadre e incentivador de todas as horas), Gustavo (novo amigo e já parceiro), Luis, Montanha/Marcos, Ernesto, Beto, Adriana Mara, Priscilla, Irineu, Ramaiana, José Rubens, André Vargas, Paula, Reinaldo, Ana Maria, Benjamin, Casão e Lorna, Pedrão Souto Maior, Neydiane, D. Lúcia, Helder “Poeta” Alvim, Ronaldo, Alexandre, Carlos, Leonardo, Mark, Adriano Barbosa, Toninho Castelo Branco, Maristela, leiam, abaixo, o “poema” “Alfaite” e vejam quanta poesia pode transbordar de algo muito simples, quotidiano, mas, fundamentalmente, do ato de ser e ter amigo e, saibam, eu gostaria muito de tê-lo escrito a partir do que sinto por vocês, mas cheguei tarde, o que não me impede de dedicá-los a todoas! Ele é extensivo, obviamente, aos seus acompanhantes, esposas, namoradas e amigos.

Osório di Maraã e Cris é que dão o prumo na minha vida!

Marcelo e Rennan, os editores, e equipe, obrigado especial.

 

Abraços,

 

Osório

 

POEMEMOS:

Comum de dois

 

Em comum,

temos o álibi

o hálito das línguas

ambíguas...

ágeis

em comum,

o calor morno

das salivas

dissolutas

das tardes líquidas

e mudas

em comum,

as incertezas

os mesmos medos:

somos quase

predadores

da mesma presa

incomum

é nosso hábito

que rápido

nos consome

ainda que

seu toque

(dentro de mim)

demore.

 

Autor: Sandra Regina

(vejam mais sobre essa moça e sua obra em: http://sidengo.com/visitaintima#leia-um-trecho).

 

e,

x

e,

Alfaiate

 

Na meticulosa costura das lombadas, Chaparro identifica a mão experiente de Pablo Sandoval; e, como a cada vez que qualquer insignificância o traz à sua memória, volta a sentir falta dele. O melhor funcionário com quem trabalhou. Rápido para aprender, redação maravilhosa, memória prodigiosa. Um momento. Como sempre que o recorda, Chaparro percebe que acaba de cometer a mesma injustiça de todas as outras vezes. Iniciou sua lembrança de Pablo Sandoval como uma evocação elogiosa ao seu melhor funcionário. E está errado. Não porque a lembrança seja enganosa. Claro que Sandoval foi o melhor colaborador com que Chaparro contou. Mas, para fazer justiça a Pablo Sandoval, convém dizer antes que ele foi um bom amigo que, além disso, era um funcionário excepcional.

Na época em que trabalhavam juntos, a única precaução que Chaparro devia tomar ao entardecer, quando Sandoval juntava suas coisas e se despedia com um "até amanhã", era esperar uns minutos e depois se debruçar à janela da Secretaria. Se o visse atravessando a Tucumán em direção à Córdoba, tudo estava em ordem: seu funcionário se dirigia para casa, como um bom homem e marido melhor ainda. Se, ao contrário, os minutos se passassem e Sandoval não atravessasse por ali, Chaparro se preparava para o pior, porque seu auxiliar teria ido tomar um metrô que o deixasse perto dos bares sebosos de Paseo Colón, com o irrevogável propósito de encher a cara até desmaiar. O chefe então fechava a janela e telefonava à mulher de Sandoval para avisar que o marido dela ia chegar mais tarde, mas que ele iria acompanhá-lo. Ela suspirava, agradecia e desligava.

Chaparro continuava trabalhando um tempinho, em geral até que anoitecesse. Depois saía pela portaria dos guardas, na Talcahuano, e comia alguma coisa num café da Corrientes. Antes da meia-noite, tomava um táxi até o Bajo e o fazia parar, sucessivamente, nos três ou quatro bares de sempre. Quando conseguia localizar Sandoval, dava-lhe um tapinha no ombro, mexia-lhe nos bolsos para ver se restava algum peso com o qual pagar as últimas taças e completava a diferença. Depois o rebocava até o táxi e rumavam para a casa de Pablo. Quando paravam em frente à porta, a esposa dele saía do saguão e se apressava a pagar ao taxista. Chaparro não insistia, porque isso seria como violar um acordo tácito com ela e com o próprio Sandoval. Por isso se limitava a carregá-lo e depositá-lo na porta do edifício, onde a esposa o rendia, a não ser que o estado do marido fosse lamentável demais e obrigasse Chaparro a levá-lo até a cama. Ela lhe sorria com tristeza e o liberava com um "mil vezes obrigada".

No dia seguinte, Sandoval faltava ao trabalho. Mas no outro voltava, com profundas olheiras e uma cara devastada. Quando seu funcionário estava nesse ânimo sombrio, Chaparro sabia que ele não podia trabalhar como de hábito. Era inútil, como se de repente o álcool lhe tivesse apagado todas ás marcas da memória e os incompreensíveis circuitos da inteligência. Então o mandava costurar processos. Sem dizer palavra, colocava sobre a escrivaninha dele a linha branca e a agulha de estofador, e o outro se encaminhava sozinho até a prateleira correspondente e começava a arquivar que era uma beleza. Com gestos de cirurgião, com desenvoltura de artista, com solenidades de celebrante, Sandoval parecia um perfeito encadernador. Quando terminava com um processo, cada volume parecia o tomo de uma enciclopédia. Em três ou quatro dias, quando o pior de sua depressão havia passado, o próprio Sandoval se aproximava sorridente para devolver ao chefe a linha e a agulha, como se desse alta a si mesmo.

Morreu no início dos anos 1980, quando Chaparro estava em San Salvador de Jujuy. Dar um abraço na viúva e prestar a Sandoval uma homenagem póstuma constituíram impulso suficiente para que Chaparro gastasse seus magros pesos na passagem de avião, assistisse ao enterro e, sobretudo, deixasse entre parênteses por dois dias seu temor de acabar morto nas mãos de um grupo de assassinos que, para piorar, estava pesando a mão.

Agora, quando já se passaram quase vinte anos, Chaparro esquece por um momento o que foi fazer e tenciona a linha que percorre uma das lombadas. Solta-a e comprova que ela tem a firmeza exata. É como se Sandoval lhe tivesse deixado esse recado sem palavras, para que Chaparro o recorde também como um dos atores dessa história que ele agora se empenha em contar. E faz bem.

Chaparro sorri, pensando que Sandoval e seu espírito sutil teriam apreciado esse encadeamento de minúcias, esse diminuto ressuscitar, essa entrada tangencial numa homenagem merecida por parte de seu amigo e seu chefe, duas décadas depois, pelo caminho sinuoso do elogio póstumo às suas virtudes de alfaiate.”.

 

(Fonte: O segredo dos seus olhos, Eduardo Sacheri, tradução Joana Angélica d'Avila Melo – Rio de Janeiro: Objetiva, 2011, p. 60/61).

 

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