Arte
(Tópicos sobre)
1 – Tudo na história da humanidade é duvidoso;
2 – Com as datações históricas, portanto, não é diferente;
3 – A escrita, o mais antigo e melhor meio de transmissão de conhecimento, é de invenção recentíssima historicamente;
4 – Os escritos com a intenção de perpetuar o conhecimento, e que foram preservados, são da Grécia e giram em torno de 3 mil anos (a Agricultura, por exemplo, data de 10 mil anos. O ancestral do homem data de 4 milhões de anos. O que aconteceu nesse ínterim até o aparecimento da escrita?);
5 – No “berço” da cultura da humanidade (e só homem produz cultura), a Mesopotâmia (atual Iraque) tem-se escritos mais antigos. Trata-se da escrita cuneiforme (em forma de cunha), mas tal escrita, além de rudimentar, não se destinava a “informar”, mas apenas “registrar”, daí sua pobreza em termos de literatura (produção);
6 – Tucídides, na sua obra de arte “A história da guerra do Peloponeso”, disse que ela seria “um patrimônio sempre útil”, ao que acrescentou, ao falar sobre a obra, Victos Davis Hanson, em “Uma guerra sem igual”, que ela é “mais importante do que a própria guerra”;
7 – Assim, é na Grécia que temos que ir buscar o que queremos saber em termos de cultura e, mas especificamente, de arte, pois foram eles, repita-se, os primeiros registradores abstratos da cultura, inicialmente com a escrita dos poemas homéricos (Ilíada e Odisseia) por volta de 500 anos antes da era atual;
8 – A saga de Gilgamesh é mais antiga, mas é muito rudimentar;
9 – A nossa educação é toda ela fornecida pela arte: poemas / religião/ arquitetura / escultura / pintura etc.;
Na religião temos, por exemplo:
O primeiro homem foi fruto de uma escultura de barro, onde o escultor, com um pouco mais de poder (dado pelo sopro), deu-lhe vida, movimento. Portanto, foi na arte que a religião foi se abeberá para contar sua versão das coisas;
“Como a vasta maioria dos cristãos comuns era analfabeta, a arte era o único meio de comunicação de massa, e os pontífices e príncipes esbanjavam dinheiro nela. Os papas que construíram a Basílica de São Pedro foram os Morgan e os Rockefeller da época, e muitos artistas enriqueceram trabalhando para eles”. (Fonte: R.A. SCOTTI. Basílica de São Pedro – Esplendor e escândalo na construção da Catedral do Vaticano. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007, p. 66-67);
10 – Os críticos de arte que conhecemos usam uma linguagem difícil, de quem não quer ser compreendido;
11 – Mas será que a arte é mesmo para ser compreendida? Ou só sentida? Há diferença entre o compreender e o sentir? Ou apenas quem sente compreende? (Temos o exemplo dos deficientes visuais);
12 – Na Grécia antiga os poemas eram musicados, como são musicadas as músicas de hoje que nada mais são que poemas!
13 – O artista, portanto, sempre foi o professor, sendo ele o aglutinador dos que querem aprender, dos que querem saber (até hoje, os artistas cantores são utilizados para reunir as pessoas).
É por tudo isso que a arte é tudo e está em tudo!
Transformar o trigo em pão é uma arte!
Transformar a uva em vinho também é arte, e esta, quanto “melhor” for o artista, melhor será o paladar!
Portanto, quando você respirar, saiba que está fazendo arte e apenas pela arte é que você vive!
Se é assim, vamos passear por Maraã?
e,
e,
e,
“Esta máquina mata fascistas”.
Pedi ao Gian que traduzisse! Pensei que o lápis estava falando mal do apontador!
(Obrigado ao Beto pelas imagens).
Abraços,
Osório
POEMEMOS:
Cante lá que eu canto Cá.
“Sertão, argúem te cantô,
Eu sempre tenho cantado
E ainda cantando tô,
Pruquê, meu torrão amado,
Munto te prezo, te quero
E vejo qui os teus mistéro
Ninguém sabe decifrá.
A tua beleza é tanta,
Qui o poeta canta, canta,
E inda fica o qui cantá.”
e,
“Saudade é um aperreio
Pra quem na vida gozou,
É um grande saco cheio
Daquilo que já passou.
Saudade é canto magoado
No coração de quem sente
É como a voz do passado
Ecoando no presente.”
Autor: Patativa do Assaré, em “EU E O SERTÃO - Filosofia de um trovador nordestino” – Ed. Vozes, Petrópolis, 1982.
e,
Anjo paralelo
O Anjo,
na erva flamejante
e entre os lírios cinzas.
Anjo,
no silêncio humilhado os guizos,
na fortuna do enlevo
e no vício do desatar.
Anjo,
no calor adormecido, na semente embalsamada.
Pena que seja cego
a encontrar-me.
e,
O anjo
Que Anjo és que só me faltas?
Se ainda te sonho,
tens as asas
pétalas de cimento?
Que Anjo és, sem luz, sem nada, se até a silhueta que tiveste,
a noite, surpreendendo, encolheu?
Celebro-te memória, no meu tempo,
Anjo,
agora que é cinzento o arco-íris
e a estrela reclinada indesejei.
Amadurece em mim o provisório
de teres sido nunca
o que sonhei.
Autora dos dois poemas acima: Lília A. Pereira da Silva, Poesias: Elipses do anjo. Editora João Scortecci. São Paulo, 1993, pp. 34 e 54.