Maraãvilhosos,
Paulo Vanzolini, mestre saudoso, era genial, todos sabemos, pode ser visto no endereço abaixo indicado, de onde colhi as duas pérolas a seguir:
"A mata é uma dessas coisas em que o todo é mais que a soma das partes". (Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=U2nosFwKxoI).
e,
"O povo de cada um pessoalmente eu não gosto, mas do poro em geral em gosto muito". (Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=U2nosFwKxoI).
Você sabe quem é o autor desta maravilhosa dedicatória? Se sim, me diga.
Já aconteceu de você, durante o sonho, ter ideias brilhantes que você, com preguiça de ir anotar, jura que de tão brilhanete jamais a esquecerá? Comigo vive acontecento isso!
E as coisas que guardamos com tanto carinho que depois não sabemos onde está?
Pois é! A dedicatória acima é de um escritor famoso, razão pela qual "eu jamais me esqueceria" de quem se trata. Ledo engano!
Fotografei ainda uma página do livro que contem as seguintes estrofes:
"Vem chuva de outovno
tornar o seu unforme
mais pesado ainda.
Amargura e raiva -
eu cuspo negros, as pevides
negras da melancia.
Estrelas brilham no céu -
na terra, mulher curvada
ao saco de comida."
Imagine, caso ocorre o absurdo de eu esquecer quem era o autor, socorrer-me-ia da internet. Digitei e... nada!
Abraços,
Osório
POEMEMOS:
Estradas
A você, ilustre sabido.
Que interrogou o meu fim,
Digo que não sei saber a vida
Que levam os ladrões e as mendigas;
Mas sei dum trem sem trilhos
Que corrompe alguns caminhos
Pondo trombas em passarinhos
E asas em andarilhos.
Autor Antonio Luiz Junior (Tony).
e,
Trato do homem
Maria andava elegante
Dentro de uns trapos que tinha
No acalcanhado pisante
Tinha um pisar de rainha
Viçosa e petulante
Morando comigo na beira da fome
Diga ireide o que quiser,
O que mais enfeita a mulher
Ainda é o trato do homem
Maria largou de mim
A fim de subir na vida
Deu certo ninguém duvida
Porém não completamente
Quem é do jogo bem sente
Que alguma coisa lhe falta
Maria levou pra alta, viva cidade ternura
Um rosto que é uma pintura
Um corpo que é um desacato
Só esqueceu de levar, colega,
A mão que lhe dava o trato.
Autor: Paulo Vanzolini.
(quem desejar ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=QXCFhCi-9zs)
e,
A bunda, que engraçada
A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda
redunda.
Autor: Carlos Drummond de Andrade.
(para ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=XQbxqY2QtHc)