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Poesia: deleite-se ou delete-me (15.08.14).

 

Maraãvilhosos,

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Paulo Vanzolini, mestre saudoso, era genial, todos sabemos, pode ser visto no endereço abaixo indicado, de onde colhi as duas pérolas a seguir:

 

"A mata é uma dessas coisas em que o todo é mais que a soma das partes". (Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=U2nosFwKxoI).

 

e,

 

"O povo de cada um pessoalmente eu não gosto, mas do poro em geral em gosto muito". (Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=U2nosFwKxoI).

 

Você sabe quem é o autor desta maravilhosa dedicatória? Se sim, me diga.

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Já aconteceu de você, durante o sonho, ter ideias brilhantes que você, com preguiça de ir anotar, jura que de tão brilhanete jamais a esquecerá? Comigo vive acontecento isso!

E as coisas que guardamos com tanto carinho que depois não sabemos onde está?

Pois é! A dedicatória acima é de um escritor famoso, razão pela qual "eu jamais me esqueceria" de quem se trata. Ledo engano! 

Fotografei ainda uma página do livro que contem as seguintes estrofes: 

 

"Vem chuva de outovno

tornar o seu unforme

mais pesado ainda.

 

Amargura e raiva - 

eu cuspo negros, as pevides 

negras da melancia.

 

Estrelas brilham no céu - 

na terra, mulher curvada

ao saco de comida."

 

Imagine, caso ocorre o absurdo de eu esquecer quem era o autor, socorrer-me-ia da internet. Digitei e... nada!

 

Abraços,

 

Osório

 

POEMEMOS:

 

Estradas

 

A você, ilustre sabido.

Que interrogou o meu fim,

Digo que não sei saber a vida

Que levam os ladrões e as mendigas;

Mas sei dum trem sem trilhos

Que corrompe alguns caminhos

Pondo trombas em passarinhos

E asas em andarilhos.

 

Autor Antonio Luiz Junior (Tony).

 

 

e,

 

Trato do homem

 

Maria andava elegante

Dentro de uns trapos que tinha

No acalcanhado pisante

Tinha um pisar de rainha

Viçosa e petulante

Morando comigo na beira da fome

Diga ireide o que quiser,

O que mais enfeita a mulher

Ainda é o trato do homem

 

Maria largou de mim

A fim de subir na vida

Deu certo ninguém duvida

Porém não completamente

Quem é do jogo bem sente

Que alguma coisa lhe falta

Maria levou pra alta, viva cidade ternura

Um rosto que é uma pintura

Um corpo que é um desacato

Só esqueceu de levar, colega,

A mão que lhe dava o trato.

 

Autor: Paulo Vanzolini.

(quem desejar ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=QXCFhCi-9zs)

 

e,

 

 

A bunda, que engraçada

 

A bunda, que engraçada.

Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

 

Não lhe importa o que vai

pela frente do corpo. A bunda basta-se.

Existe algo mais? Talvez os seios.

Ora – murmura a bunda – esses garotos

ainda lhes falta muito que estudar.

 

A bunda são duas luas gêmeas

em rotundo meneio. Anda por si

na cadência mimosa, no milagre

de ser duas em uma, plenamente.

 

A bunda se diverte

por conta própria. E ama.

Na cama agita-se. Montanhas

avolumam-se, descem. Ondas batendo

numa praia infinita.

 

Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz

na carícia de ser e balançar

Esferas harmoniosas sobre o caos.

 

A bunda é a bunda

redunda.

 

Autor: Carlos Drummond de Andrade.

(para ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=XQbxqY2QtHc)

 

 

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