“Poesia é música, miscelânea de sons, alternância de ritmos; poesia é métrica, precisão na escolha das palavras e consciência matemática das letras; poesia é pintura, é cinema: descrição da imaginação, construção de imagens, de cenas, de personagens... Pois é, poesia é tudo isso, mas se engana quem pensa que poesia se resume a esculpir frases, substituir significantes como itens de um cardápio, ou burilar a linguagem como um ourives descompromissado. Poesia é um tanto mais: ela nasce justamente do espanto com este mundo que nos cerca; da tentativa, na maioria das vezes vã, de explicarmos isso que fizemos de nós mesmos; da indignação com este bom e velho estado de coisas, conveniente para tão poucos entre tantos...”. O autor é Fernando Bonassi é escritor e roteirista, no livro Desconforto, de Luiz Alberto Mendes, Editora Reformatório, São Paulo: 2013.
"A humanidade se divide em dois grupos, os que concordam comigo e os equivocados.” , disse Ariano Suassuna.
Suassuna disse isso por ter nascido antes de mim, mas a frase é minha, especialmente agora, que ele partiu e me deixou de herança!
A niveladora, que iguala todos, anda muito faminta, essa maldita! Em poucos dias levou: Rubem Alves, João Ubaldo Ribeiro e Suassuna! Pergunto a ela: ainda não estás saciada, miserável, já que não estou me sentindo bem hoje?
Minha filha Maria Rosa, aos 13 anos, acredito, me contou:
“Pai, grandes gênios da humanidade se foram. Aristóteles morreu, Galileu bateu as botas e, hoje, eu não estou me sentindo bem”!
Além de legal, hoje estou utilizando o ensinamento filial!
Já Osório di Maraã, de 8 anos, fica vendo seus programas na TV e, de quando em vez, me abastece com coisas legais. Vejam esta:
“Todo trabalho é bom, o ruim é trabalhar”. “Seu Madruga”, do Chaves.
O curioso é que ele sabe o que me interessa!
E o humanista corintiano gravou no bronze:
Uma perguntinha desconcertante:
Obrigado à Cris e ao Beto pelas imagens.
Abraços,
Osório
POEMEMOS:
Bons Tempos
Acordei com um desses pensamentos suaves
Que nos ajudam a viver.
Era como se tivesse entrado no mundo
Pela primeira vez.
Em meu coração não havia
Um só compartimento que não estivesse
Inundado da mais comovente ternura
Algo assim redondo e macio.
Pontas frágeis de estrelas
E o brilho inseguro dos astros
Estavam comigo nessa hora clara
Em que rompo a noite nessa breve manhã
Longe do tempo da dor.
e,
Confusão
...e uma saudade vinda sei lá de onde:
De amar sem inventar,
De beber sem entristecer
E como ainda não enlouqueci
De tanta consciência do que faço.
Medo nunca foi freio
Antes motor, desafio constante
Mas cansei.
Cansei dessa gente que se engana;
Que cai do passado
Simulando presente
Como acordasse de um pesadelo.
Será que liberdade é estar
Onde sonho e não existe,
Ou na desumana necessidade
De morrer?
Ambos os poemas são de autoria de Luiz Alberto Mendes, em Desconforto, Editora Reformatório, São Paulo: 2013.