D. Elci era uma senhora de cerca de 90 anos, mãe de várias filhas, e de alegria contagiante. A família festeira morava em Manaus.
Um dia, estávamos em uma festa de aniversário tomando todas para aplacar o calor escaldante da cidade. D. Elci era esportista, exímia levantadora de copo! No que, eu costumava acompanhá-la. Era o que ocorria nesse dia.
A alegre senhora foi ao toalete, creio, e deixou seu copo de cerveja sobre a mesa que ocupávamos. Alguém, sem querer, trocou o copo que ela usava, deixando outro em seu lugar, coisa que não prestamos atenção na ocasião.
Quando D. Elci voltou, morta de sede, pegou o copo e, num longo e ávido gole, sorveu o conteúdo.
Só ouvimos a D. Elci escarrando como se tivesse engolido uma espinha de peixe. Escarrou várias vezes depois que já estava sendo socorrida por todos, quando, então, perguntávamos aflitos a ela o que tinha acontecido. Ela, com cara de poucos amigos, parecendo que tinha bebido fel, bruscamente respondeu:
“Eu pensei que essa porcaria era cerveja, mas era guaraná”!
Foi uma risada geral, pois além dela estar bem, demonstrou sua qualidade de rainha do copo!
Sabia D. Elci o que era bom!
Partiu e deixou saudades.
Abraços,
Osório
Poememos:
Andar por mundos desconhecidos é o meu desafio.
Destruir muros e cercas que aprisionam meus sonhos é minha missão.
Rir quando todos choram ou chorar quando todos riem.
Isso é a contradição que me guia.
A busca de ver o belo onde só há fealdade.
Nascer onde todos querem morrer.
A contradição pela esperança é o meu astrolábio.
São Paulo, 13.09.04.
"Não adianta lutar. A libido morre bem depois da esperança."
Autor: Domingos de Oliveira em Juventude (2008).
e,
"Desculpa, não te reconheci, eu mudei muito."
Autor: Oscar Wilde.