Soneto Magnético
Reacende-se no ventre teu o Amor,
por cujo alento, na eterna bonança,
germinou aqui esta divina flor.
(Paraíso, Canto XXXIII, Divina Comédia)
A Flavianne.
O verdadeiro Amor vive nas casas,
guardado, respirando o amanhecer.
Repentino, mas sem envelhecer,
como velha amizade, ele diz coisas
que correm entre os dedos, ansiosas.
Entram na pele, com o fim de tecer
focos de luz que ousam aparecer
no silêncio de nós dois, mariposas.
Devolvem, pois, o sentido da chuva
que molhava forasteira os pés e as mãos −
ora estátuas calcárias em solo servil.
Entrevisto nos passos de viúva,
o Amor floresce com beijos e então
viçam fagulhas plantadas no rio.
Autor: Alfredo Falcão.
e,
ASSINTONIA
Falta-me tristeza.
Instrumento mobilizador
Dos meus escritos.
Não há tragédia
À vista.
Nem lembranças
De tragédias passadas.
Nem dores no presente.
Lamentavelmente
Tudo anda bem.
Por isso
Andam mal
Os meus escritos.
Autor: Michel Temer (FSP, 13.01.13)
e,
Poema de amor #2
Num sei cumé queu póssu ti dizê,
Mais sei qui ocê é bunita pra xuxu!
Nem cus ipissilôni ô dabliú
Eu sei palavra pra ti discrevê.
Só quéru tisplicá qui ai lóvi iú
I ispéru qui cê possa mintendê,
Qui nem qui a gênti intêndi sem sabê
Us riu, as frô i a vóiz duirapuru!!!
Cê é minha frô, meu riu, meu passarim,
I túdu nêssi mundão sem portêra,
Sem êra ô bêra i sem nem tê mais fim.
Eu... sem você... eu pêrcu as istribêra!
Rosinha, vem ficá juntim di mim,
Francisco Bento Sousa, a vida intera!
Autor: Caetano Galindo (FSP, 30.12.12).
Vejam que interessante:
“Ler poesia é mais útil para o cérebro que livros de autoajuda, dizem cientistas
Ler autores clássicos, como Shakespeare, William Wordsworth e T.S. Eliot, estimula a mente e a poesia pode ser mais eficaz em tratamentos do que os livros de autoajuda, segundo um estudo da Universidade de Liverpool publicado nesta terça-feira (15).
Especialistas em ciência, psicologia e literatura inglesa da universidade monitoraram a atividade cerebral de 30 voluntários que leram primeiro trechos de textos clássicos e depois essas mesmas passagens traduzidas para a "linguagem coloquial".
O poeta Thomas Stearns Eliot
Os resultados da pesquisa, antecipados pelo jornal britânico "Daily Telegraph", mostram que a atividade do cérebro "dispara" quando o leitor encontra palavras incomuns ou frases com uma estrutura semântica complexa, mas não reage quando esse mesmo conteúdo se expressa com fórmulas de uso cotidiano.
Esses estímulos se mantêm durante um tempo, potencializando a atenção do indivíduo, segundo o estudo, que utilizou textos de autores ingleses como Henry Vaughan, John Donne, Elizabeth Barrett Browning e Philip Larkin.
Os especialistas descobriram que a poesia "é mais útil que os livros de autoajuda", já que afeta o lado direito do cérebro, onde são armazenadas as lembranças autobiográficas, e ajuda a refletir sobre eles e entendê-los desde outra perspectiva.
"A poesia não é só uma questão de estilo. A descrição profunda de experiências acrescenta elementos emocionais e biográficos ao conhecimento cognitivo que já possuímos de nossas lembranças", explica o professor David, encarregado de apresentar o estudo.
Após o descobrimento, os especialistas buscam agora compreender como afetaram a atividade cerebral as contínuas revisões de alguns clássicos da literatura para adaptá-los à linguagem atual, caso das obras de Charles Dickens.” (Fonte: FSP, 15.01.13)
Colaboração do Kleber Coghetto – PR-SP.
Convido-os a ver algo em: www.youtube.com/watch?v=VZiCshY3gVI
Abraços gerais,
Osório