E não é que o ano acabou e o mundo continua?!
Melhor para os nossos credores, inclusive os de amores!
Chegay aos 50 e descobri o que muitos já sabem a muito tempo: uma coisa de cada vez e tudo se ajeita!
A famosa: “não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe”, me deu umas cutucadas.
É complicado deixarmos o amanhã para ser vivido amanhã, sempre queremos vivê-lo hoje e, o que é pior, só antecipamos as coisas ruins! Duvido que a gente consiga viver hoje as coisas boas que acontecerão amanhã. No entanto, quando se trata do ruim já começamos a sofrer na(s) véspera(s).
Quase todos os problemas que me fizeram sofrer neste 2012 foram solucionados, passaram, foram superados! Espero o mesmo ocorra com vocês.
Que em 2013 consigamos viver os problemas apenas nos seus dias e a alegria em todos os demais.
Obrigado a você que me deu um sorriso e um bom dia quando cruzamos, bem como a você que me leu e me disse algo, mas, mesmo que nada não tenha dito, que não tenha desejado a minha ida para aquele local que dizem ser de calor superior ao de Manaus.
Que as falhas sejam debitadas à vontade de acertar.
Ainda continuo humano, e isso me faz muito bem! Duas coisas que me marcaram nestes últimos dias:
Meu filho Osório di Maraã ia no carro sobre a tampa interna do porta mala (aquela de carpete grosso). Quando passamos por uma lombada a tampa soltou-se e ele caiu sobre ela no fundo da mala. Minha mãe perguntou:
- Você se machucou, meu filho?
E ele:
- Já passei por coisas piores!
Ela tornou:
- Como por exemplo?
- Doenças e as porradas da minha mãe, explicou ele.
Rimos muito.
No dia 14.12.12, chovia muito em Manaus e eu ia apanhar minha filha Maria Rosa para levá-la para um cursinho. Não vi que tinha uma poça d'água e quando passei com o carro sobre ela a água “espirrou” sobre um pai de guarda chuva e sua pequena filha com uma mochilinha nas costas a caminho também da escala.
Mesmo não tendo visto a poça e não tendo querido aquele resultado, o coração doeu para danar e os olhos marejaram. É que fiz a alteridade, me coloquei no lugar daquele pai. Não dá para medir, mas acredito que acabei sofrendo mais que ele.
Como seria bom que no ano de 2013, e seguintes, nenhum pai passasse por aquilo que aquele pai passou e nenhum filho sofresse o que sofri.
É isso, pois, que desejo a todos nós!
Um beijo para quem é de beijo,
Um abraço para quem é de abraço,
Um aperto de mão para quem é de tal.
Osório
(até o ano que vem, se os idiotas dos Maias, que não previram nem os espanhóis, permitirem).
P.S.: O Osório di Maraã valoriza bem os corretivos necessários que sua mãe lhe aplica e exagera na dramaticidade do ocorrido. É um bom ator, como, aliás, é bom em tudo! Xego até a desconfiar que superará o pai (risos, muitos).
P.S2.: Juarez, Maria Rosa e Osório di Maraã (Antonia Angela ainda não entende) temem o “coro baiano” que eu sempre lhes prometo, embora eles, e nem eu, saibamos do que se trata, mas que deve “doer” deve, tanto assim que sempre resolve/funciona!
Algumas imagens sensacionais:
e,
(O poema do Quintana, abaixo, está retratado nas imagens acima?).
(Alguém sabe por que traduziram Hobbes por Haroldo? Não faz sentido!).
e,
(Porta das muralhas de Maraã!)
e,
(O livro serve ou não serve paraa tudo?)
e,
(Será que Umberto Eco conhece essa placa? Realmente, os sonhadores devem fazer mal a si e aos demais! Entretanto, pelo sim ou pelo não, continuarei ao lado deles).
Alguns poemas não menos “maraãvilhosos”:
Do mau estilo...
Todo o bem, todo o mal que eles te dizem,
Nada seria, se soubessem expressá-lo...
O ataque de uma borboleta agrada
...
Mais que todos os beijos de um cavalo.
Autor: Mario Quintana, em “Espelho Mágico”.
(Obs.: seria presunção de minha parte, mas parece que Quintana sabe que não sei imitar borboletas!).
e,
“Você é lindo.
Eu sou complicada.
Você é simples,
eu sou linda.
De tanto desentender já me entendi:
e não sei dizer mais nada.”
Autora: Ana Kehl de Moraes, "Não Falo" (editora 7Letras).
e,
SEM DEPOIS
Todas as vidas gastei
para morrer contigo.
E agora
esfumou-se o tempo
e perdi o teu passo
para além da curva do rio.
Rasguei as cartas.
Em vão: o papel restou intacto.
Só meus dedos murcharam, decepados.
Queimei as fotos.
Em vão: as imagens restaram incólumes
e só meus olhos
se desfizeram, redondas cinzas.
Com que roupa
vestirei minha alma
agora que já não há domingos?
Quero morrer, não consigo.
Depois de te viver
não há poente
nem o enfim de um fim.
Todas as mortes gastei
para viver contigo.
Autor: Mia Couto
(Obs.: a primeira vez que li o nome do autor pensei que fosse uma mulher! E você?).
e,
SAUDADE
Magoa-me a saudade
do sobressalto dos corpos
ferindo-se de ternura
sói-me a distante lembrança
do teu vestido
caindo aos nossos pés
Magoa-me a saudade
do tempo em que te habitava
como o sal ocupa o mar
como a luz recolhendo-se
nas pupilas desatentas
Seja eu de novo a tua sombra, teu desejo,
tua noite sem remédio
tua virtude, tua carência
eu que longe de ti sou fraco
eu que já fui água, seiva vegetal
sou agora gota trémula, raiz exposta
Traz de novo, meu amor,
a transparência da água
dá ocupação à minha ternura vadia
mergulha os teus dedos
no feitiço do meu peito
e espanta na gruta funda de mim
os animais que atormentam o meu sono
Autor: Mia Couto.
e,
A ADIADA ENCHENTE
Velho, não.
Entardecido, talvez.
Antigo, sim.
Me tornei antigo
porque a vida,
tantas vezes, se demorou.
E eu a esperei
como um rio aguarda a cheia.
Autor: Mia Couto.
(Obs.: é o Mia homenageando meus 5.0?).
e,
Carestia
Amor custa bem caro.
Mesmo assim depenamos bolsos
e bolsas de moedas raras.
Por ele pagamos, em prestações
nem sempre suaves, quanto
de entrada supúnhamos
de todo não poder:
o alto preço dos sustos,
a conta escorchante
das noites em claro,
os juros extorsivos
do medo de perdê-lo,
a tristeza do saldo zero.
Queixamo-nos de carestia
se de amor-próprio ainda
nos sobra algum trocado,
mas que fazer quando só
amor é o lucro que buscamos?
Autora: Astrid Cabral.
(Obs.: Astrid, que é amazonense, conseguiu fazer da economia uma coisa suportável, já que ela é usada, rotineiramente, apenas para assustar/adoecer/preocupar/estressar as pessoas)
Obrigados: Cris, Ruberli, Beto e Gian, que forneceram o material bom acima disposto, o não bão é meu mesmo.