Para alguns, idiotice, para mim, curiosidades!
Fui tomar café com o Osório di Maraã na Padaria Bela Paulista (ele, como um bom filho de pobre, “adora”, como diz, pão na chapa, que molho no café com leite). Como o pedido estava demorando ele ele vexado, entabulei com o garção o seguinte papo:
- Não é que já está saindo?
Ao que ele respondeu:
- Sim! É que está na seção capricho.
Achei a sacada linda.
Ouvi em Santos duas coisa legais:
Uma senhora ia conversando com outra sobre a paixão de uma terceira, e disse:
“Ela está 'apaichocada'. Não sai do quarto”.
Apaichocada!? Seria mistura de paixão com choco?
Tem um artista numa esquina de Santos que faz panelas, baterias etc., com latinhas de refrigerantes. Percebe-se, ou imagina-se, pelo comportamento dele e o modo de falar e vestir-se e comportar-se, que, aparentemente, usa drogas “pesadas”. Eu ia passando e ouvi, no seu linguajar peculiar, ele dizer a outro com quem conversava:
“Tá pensando que INSS é papai para aposentar vagabundo”.
A Zélia me veio à mente imediatamente!
Santos estava inspiradora! Entrei na padaria e vi a garrafa de vinho cujo rótulo é este:
Há algum tempo me disseram que o nome “azulejo” vem da peça produzida em Portugal ser azul!
Será que o correto, hoje, era termos: “vermelejo”, “amarelejo” etc.?, já que as cores são as mais variadas? E aqueles de cores duplas, triplas etc.?
Quanto ao conteúdo, o vinho é bem saboroso, suave!
Embora já dissesse o sábio “in vino veritas” (ou, “no vinho a verdade”) nunca tive oportunidade de comprovar, pois, no dia seguinte, só me resta a ressaca!
Porém: senso azul igual a azul e “lejo”, em espanhol, igual a “longe, distante”. E sendo o português uma “variação” do espanhol, poderia dizer que “azulejo” é o “azuldistante”? A lembrança? Já que as peças quase sempre retratam paisagens?
Ajudem-me.
(Por falar em espanhol, meu amigo desafia a quem diz que esse idioma é fácil, a conjugar o verbo "oir" no presente do indicativo).
Esses amazonenses são de morte!
O pastor Caio Fábio, que é daquelas bandas, não escreveu: "a mulher com quem sonhei, dorme na minha cama". Pode?
Em que cama dormirá Luíza Brunet?
Sábado último encontrei com um amigo de infância que morou por algum tempo em Maraã, o Jorge Alberto Pachola de Lima. Conversamos desde o meio da manhã até o início da noite. Lembranças!
Jorge me contou duas ótimas:
Primeira: ao dizer a um seu sobrinho que está casado há trinta anos e que ainda beija na boca da esposa, o menino retrucou:
“Titio, o senhor é um tarado!”.
Lembrei-me daquela sacada do Nelson Rodrigues: “depois de dez anos de casado, um beijo na boca é um verdadeiro estupro”!
Segunda: (desculpem os termos, mas foi conversa de mesa de bar): “o peido é o termômetro do amor”!
- Como assim?
- Se você peidar e a sua mulher disser: “amorzinho, você peidou?”, está tudo bem. Mas se ela afirmar: “carvalho, tu já tá peidando de novo”, a coisa está mal.
“Ri meu até derramar meu pranto”.
Mas hoje é sexta, aproveite para beijar quem você ama na boca, mesmo que já vença os dez anos. Se não tiver coragem, beba um vinho, ajuda. Só não esqueça de tentar ser feliz!
Abraços,
Osório
NA SOLIDÃO DAS NOITES ÚMIDAS
Como tenho pensado em ti na solidão das noites úmidas,
De névoa úmida,
Na areia úmida!
Eu te sabia assim também, assim olhando a mesma cousa
... No ermo da noite que repousa.
E era como se a vida,
Mansa, pousasse as mãos sobre a minha ferida...
Mas, ah! Como eu sentia
A falta de teu ser de volúpia e tristeza!
O mar... Onde se via o movimento da água,
Era como se a água estremecesse em mil sorrisos.
Como uma carne de mulher sob a carícia.
O luar era um afago tão suave
- Tão imaterial -
E ao mesmo tempo tão voluptuoso e tão grave!
O luar era a minha inefável carícia:
A água em teu corpo a estremecer-se com delícia.
Ah, em música pôr o que eu então sentia!
Unir no espasmo da harmonia
Esses dois ritmos contrastantes:
O frêmito tão perdidamente alegre de amor sob a carícia
E essa grave volúpia da luz branca.
Oh, viver contigo!
Viver contigo todos os instantes...
Vivermos juntos, como seria a verdadeira vida,
Harmoniosa e pura,
Sem lastimar a fuga irreparável dos anos,
Dos anos lentos e monótonos que passam,
Esperando sempre que maior ventura
Viesse um dia no beijo infinito da mesma morte...
Autor: Manuel Bandeira.
e,
Sandra Regina informa que está parida, nasceu livro novo “”Haicaos”, pela Ed. Limiar.
Mais um dela do livro anterior (O texto sentido):
Viagem
"Tenho meia dúzia de poemas
uma mala cheia de problemas
umas rimas perdidas num corpo
e a vida ancorada naquele porto
Tenho bagagem escassa
e um desejo que me arrebata
sonhos, eu tenho alguns
amores, nenhuns”
Alinhavei as bem traçadas linhas abaixo:
Freud nunca descobriu nada, mas descreveu tudo!
Minha pequena leitura da obra de Freud levou-me a algumas conclusões que reputo somente podem estar equivocadas. Vejam alguns exemplos:
PRIMEIRO: todos os homens (vale também para as mulheres tudo que aqui for dito) são tarados!
É que os humanos são seres naturalmente sexualizados e, aqueles que não demonstram essa característica, o fazem porque estão reprimindo seus instintos.
Ou seja, a diferença entre um tido por tarado pela sociedade (em especial pelo Direito Penal) e o dito “normal” é que este é um hipócrita e consegue mentir sobre si para os demais. Este controle, o outro, que dá vazão ao que é, não tem.
SEGUNDO: Os animais ditos irracionais, de modo geral, têm sua fase reprodutiva demarcada por períodos, comumente chamadas de “cio”. A reprodução dos seres humanos, por outro lado, não é restringida dessa maneira pela natureza, de modo que o apetite (desejo) sexual pode acontecer a qualquer momento.
Neste particular o macho humano leva uma pequena vantagem sobre a fêmea, pois não menstrua, logo não fica com a tensão premenstrual.
TERCEIRO: homens e mulheres procuram estar bem-vestidos e bem-arrumados, perfumados, penteados, com carros bonitos e sapatos também e, acima de tudo, com dinheiro para viagens, comer e beber bem, não com o propósito de agradarem apenas a si mesmos, mas com o intuito de atrair possíveis parceiros sexuais, sendo esse o motivo que compele tantas pessoas a investir altos montantes em cosméticos, roupas e tratamentos de beleza.
QUARTO: Quando o ser humano se encontra em um estado deprimido, sempre busca conforto em um ombro amigo – ou seja, falar sobre os problemas que o afligem é uma maneira eficaz de remediar o mal-estar.
É popular a frase: “preciso de um(a) amigo(a) para desabafar”.
QUINTO: o sofista Antifonte (século V antes da era atual), na Grécia, já se propunha a “interpretar os sonhos” e “curar pelas palavras”. Ou seja, certamente já tinha percebido os fenômenos que ocorrem na convivência humana.
Todo esse material que estava espalhado no conviver e viver do homem foi brilhantemente reunido e burilado por Freud, que deu uma formatação a ele capaz de encantar a quem o conhece e quase que a ver refletir sua imagem como num espelho quando o lê.
Mas como a sexualidade, razão de ser e permanecer da humanidade ainda é um tabu, fica para as páginas freudianos um possível curiosidade saudável e necessária de sua parte.
Boa leitura.