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POESIA: deleite-se ou delete-me (18.05.12)

Caraos colegas, em especial os recém xegados,

Há uns dez anos comecei uma das muitas importunações a vocês às sexta-feiras: enviar uma poesia, a fim de desejar-lhes um feliz final de semana.

 

O título da remessa já foi: “...alguma poesia”, depois, para facilitar a “deletação”, mudei para: “Poesia: deleite-se ou delete-me”. Portanto, agora que você já sabe...

Se desejar, tem uma regra de exclusão no grupo “wise”, mas se me ler verá que não tenho nada, mas poderá enviar os poemas à esposa, marido, namoradao, amigao, inimigao etc., como já me disseram alguns que fazem.

(Caraos = caras + caros).

Ao novos, não adianta me corrigir, pois não tenho mais geito (não é com “j”, segundo minha convenção comigo mesmo).

Tenho uma página pessoal: osoriobarbosa.com.br, para a qual lhes convido para um desaprendimento. É que lá publiquei quase todas as poesias que enviei ao longo desses anos.

Os poemas de hoje, um deles é um repete mas serve para alertar que xega, são para renovar as energias bem empregadas durante a semana.

Inté,

Osório

Cântico negro.

 

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces

Estendendo-me os braços, e seguros

De que seria bom que eu os ouvisse

Quando me dizem: "vem por aqui!"

Eu olho-os com olhos lassos,

(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)

E cruzo os braços,

E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:

Criar desumanidades!

Não acompanhar ninguém

Que eu vivo com o mesmo sem-vontade

Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde

Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde

Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,

Redemoinhar aos ventos,

Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,

A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi

Só para desflorar florestas virgens,

E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!

O mais que faço não vale nada. Como, pois, sereis vós

Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem

Para eu derrubar os meus obstáculos?...

Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,

E vós amais o que é fácil!

Eu amo o Longe e a Miragem,

Amo os abismos, as torrentes, os desertos...Ide! Tendes estradas,

Tendes jardins, tendes canteiros,

Tendes pátria, tendes tetos,

E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...

Eu tenho a minha Loucura !

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,

E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!

Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;

Mas eu, que nunca principio nem acabo,

Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,

Ninguém me peça definições!

Ninguém me diga: "vem por aqui"!

A minha vida é um vendaval que se soltou,

É uma onda que se alevantou,

É um átomo a mais que se animou...

Não sei por onde vou,

Não sei para onde vou

Sei que não vou por aí!

Autor: José Régio.

e,

Beijo

Beijo na face
Pede-se e dá-se;
Dá?
Que custa um beijo?
Não tenha pejo:
Vá!
Um beijo é culpa,
Que se desculpa:
Dá?
A borboleta
Beija a violeta:
Vá!
Um beijo é graça,
Que a mais não passa:
Dá?
Teme que a tente?
É inocente...
Vá!
Guardo segredo,
Não tenha medo...
Vê?
Dê-me um beijinho,
Dê de mansinho,
Dê!
Como ele é doce!

Como ele trouxe,

Flor,

Paz a meu seio!

Saciar-me veio,

Amor!

Saciar-me? Louco...

Um é tão puco,

Flor!

Deixa, concede

Que eu mate a sede,

Amor!

Autor: João de Deus.

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