O título da remessa já foi: “...alguma poesia”, depois, para facilitar a “deletação”, mudei para: “Poesia: deleite-se ou delete-me”. Portanto, agora que você já sabe...
Se desejar, tem uma regra de exclusão no grupo “wise”, mas se me ler verá que não tenho nada, mas poderá enviar os poemas à esposa, marido, namoradao, amigao, inimigao etc., como já me disseram alguns que fazem.
(Caraos = caras + caros).
Ao novos, não adianta me corrigir, pois não tenho mais geito (não é com “j”, segundo minha convenção comigo mesmo).
Tenho uma página pessoal: osoriobarbosa.com.br, para a qual lhes convido para um desaprendimento. É que lá publiquei quase todas as poesias que enviei ao longo desses anos.
Os poemas de hoje, um deles é um repete mas serve para alertar que xega, são para renovar as energias bem empregadas durante a semana.
Inté,
Osório
Cântico negro.
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém
Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada. Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
Autor: José Régio.
e,
Beijo
Beijo na face
Pede-se e dá-se;
Dá?
Que custa um beijo?
Não tenha pejo:
Vá!
Um beijo é culpa,
Que se desculpa:
Dá?
A borboleta
Beija a violeta:
Vá!
Um beijo é graça,
Que a mais não passa:
Dá?
Teme que a tente?
É inocente...
Vá!
Guardo segredo,
Não tenha medo...
Vê?
Dê-me um beijinho,
Dê de mansinho,
Dê!
Como ele é doce!
Como ele trouxe,
Flor,
Paz a meu seio!
Saciar-me veio,
Amor!
Saciar-me? Louco...
Um é tão puco,
Flor!
Deixa, concede
Que eu mate a sede,
Amor!
…
Autor: João de Deus.