"vivi
de um ácido milagre, um beijo torto.
bebi
os rios aos tonéis, pelos bordéis.
e me fingi
de morto."
("rio, 2", romério rômulo)
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O poema do Romério me lembrou Augusto dos Anjos em:
Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Que o final se semana nos redima das lutas diárias.
Abraços,
Osório