Segundo: embora abominemos o “isso não é só no Brasil que acontece”, ele pode ser um norte a ser observado. E se for visto como deve ser, sabe-se que quem vai a um estádio de futebol, no Brasil e no mundo, está sujeito, se tiver sorte, apenas a ser xingado, pois alguns são mortos! E se graduarmos os xingamentos, vale lembrar que na velha e culta Europa se joga “banana” para alguns jogadores, xingando-os de macacos!
Terceiro: as autoridades, quando vão a um estádio de futebol, não vão apenas para cumprir os deveres protocolares, e, se próximo a uma eleição, vão mesmo é para capitalizar lucros à sua imagem!
Quatro: torcer contra não vai melhorar a situação do país, mas torcer a favor também não vai. Ao contrário, quando a seleção ganha, os políticos costumam faturar com isso, recebendo os jogadores nos palácios. Ou seja, alguém – regra geral o político –que torce a favor pensa em si, não no povo. Assim, como se viu no jogo de abertura da copa do mundo de 2014, a torcida apoiou o hino nacional e o time, mas não a figura máxima da política que ali estava!
Quinto: há limites da vaia e até para o xingamento? É possível que sim, mas ninguém ainda resolveu fazer a mesma pergunta nos seguintes termos: há limites para a bajulação? Há limites para o puxa-saquismo? Respondida as duas últimas perguntas, certamente teremos respostas para a primeira.
Mas, trabalhemos com as hipóteses que levaram aos xingamentos:
Primeira: a presidente sabe que o país vive uma situação de desconforto, para dizer o mínimo. Inflação galopando e salários sem correção, em especial dos servidores públicos federais, aqueles pelos quais ela é a responsável e que formam uma ampla classe média com acesso aos meios de comunicação, em especial às redes sociais, e, teoricamente, mais conscientes politicamente e mais prejudicados pela atual presidente da república.
Segunda: falta de dinheiro público para tudo, em especial saúde, educação e moradia, mas, em compensação, amplo financiamento para as “maravilhas da Fifa”.
Terceira: os valores astronômicos dos ingressos selecionaram os que podem ir aos estádios, os mais aquinhoados, logo aqueles com melhores níveis de escolaridade, embora esse não seja o fator decisivo, pois a escolaridade/educação é ruim para todo mau político, daí o desprezo que todos têm pela educação. Entretanto, no Brasil de hoje, e isso, reconheçamos, graças ao partido que está no poder, os pobres têm tido condições para estudar, o que não significa que tenham fechado os olhos, ao contrário, os abriram.
Quarta: nos ingressos tinha alguma orientação para que os torcedores xingassem a presidente? Não acreditamos, embora não tenhamos sequer visto um ingresso, diante da absurdidade dos seus preços!
Por tudo isso, a presidente, em vez de reclamar dos xingamentos, deveria aprender com eles e dar uma nova direção ao seu governo, pois ele não vem agradando a ninguém, de ricos a pobres, bastando para isso que ela deixe a pose imperial de lado e passe a ver o mar de miséria que a cerca e para o qual ela está contribuindo com milhões de metros cúbicos de água por segundo, pois, não podendo enriquecer a todos, optou por empobrecer a quase todos, exceto os bancos.