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Bom e Belo!

                                                                                                        O belo contemporaneo Renata Pitombo Cidreira

O Belo em ação

Sempre acreditei que o bom nada mais é que o Belo em ação, que um é intimamente ligado ao outro e que ambos têm uma nascente comum na bem ordenada natureza. Dessa ideia segue-se que o gosto se aperfeiçoa com os mesmos meios que a sabedoria, e que uma alma aberta às seduções da virtude deve ser na mesma medida sensível a todos os outros gêneros de Beleza. Adestramo-nos tanto para ver quanto ouvir uma visão apurada nada mais é que um sentimento delicado e refinado, Diante de uma bela paisagem ou de um belo quadro, um pintor fica em êxtase pelo que um espectador vulgar não notaria. Quantas coisas só são percebidas graças ao sentimento e não é possível dar-lhes uma razão! Quantos desses "não sei quê, dos quais só o gosto pode fornecer um juízo, não se reapresentam sempre! O gosto é de certo modo o microscópio do juízo, já que é capaz mostrar-lhe as coisas pequenas, e suas operações começam onde terminam aquelas do juízo. O que é necessário para cultivá-lo? Adestrar-se para ver como para ouvir, para julgar sobre o Belo por investigação, e sobre o bom por sentimento. Não sustento que nem a todos os corações é dado comover-se ao primeiro olhar de Júlia.”

Fonte: Jean-Jacques Rousseau, A nova Heloísa, 1761, citado em "História da Beleza", organizado por Umberto Eco, Editora Record, São Paulo, 2010, p. 237.

Este texto é de uma riqueza ímpar, pois nos ensina que, além da proximidade entre bom e belo, é possível educarmos nossos gostos por intermédio do conhecimento.

Até para nos deliciarmos com a delicadeza, a beleza etc., temos que estudar.

Inté,

Osório Barbosa.