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Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

41.52 - Constituição - o que é.

 

É Barbara Cassin quem diz:

 

A constituição é uma certa organização (táxis) dos que habitam a cidade. E já que a cidade é uma mistura (ton synkeiménõri), como qualquer totalidade que é antes de mais nada composta de várias partes (synestótõn d'ek pollõn moríüri), é evidentemente do cidadão que se deve tratar de início. Pois a cidade é uma pluralidade de cidadãos (hè gàr polis politbn tis plêthos estíri) (1274b 38-41).” (Fonte: Ensaios Sofísticos, Barbara Cassin, Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão, Edições Siciliano, São Paulo, 1990, p. 88-89).

 

 

 

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Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

41.51 – Catastrofar.

 

É Barbara Cassin quem diz:

 

Esse excesso de fenomenologia encontra seu paradigma em um texto em muitos pontos catastrófico: o Tratado do não-ser, de Górgias. Em sua terceira parte (após: “nada é” e “se é, é incognoscível”, “se é e se é cognoscível, é incomunicável”), ele propõe, por assim dizer por antecipação, uma generalização da estrutura do sensível próprio aristotélico, verdadeiro/ignorado, antes de qualquer possibilidade de um “como”. (Fonte: Ensaios Sofísticos, Barbara Cassin, Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão, Edições Siciliano, São Paulo, 1990, p. 232-233).

 

 

 

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41.50 - Arte e natureza.

 

É Barbara Cassin quem diz:

 

"A arte imita a natureza e leva a bom fim o que a natureza é impotente de realizar até o fim (Fis., II, 8, 199a 17s.).” (Fonte: Ensaios Sofísticos, Barbara Cassin, Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão, Edições Siciliano, São Paulo, 1990, p. 236).

 

 

 

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Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

41.49 - Apreender e enunciar.

 

É Barbara Cassin quem diz:

 

Ora, à diferença da acolhida estética, a acolhida noética é caracterizada como thigeîn kaì phánai (24) "tocar e enunciar", “emitir”, como se o espírito afetado pudesse então expressar em som o contato que experimenta.

O grego é difícil e suscetível de várias construções: ésti tò mén '14-1hés e Pseúdos, tò mèn thigem kai pUnai aléthés ( ... ) tò d'agnoem M,' Ilângánein. Compararemos a construção de … e a de Trieot : "Eis o que é então o verdadeiro ou o falso: o verdadeiro é apreender e enunciar o que se apreende (...) ignorar é não apreender". (Fonte: Ensaios Sofísticos, Barbara Cassin, Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão, Edições Siciliano, São Paulo, 1990, p. 227).

 

 

 

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41.48 - Arendt arrasa Platão e Heidegger.

 

É Barbara Cassin quem diz:

 

Nós que queremos honrar os pensadores, embora nossa permanência seja no meio do mundo, quase não podemos nos impedir de achar surpreendente e talvez escandaloso, que tanto Platão quanto Heidegger, quando se engajaram nos assuntos humanos, tenham recorrido aos tiranos e aos ditadores. Talvez a causa não seja encontrada nos dois casos nas circunstâncias da época e, menos ainda, numa pré-formação do caráter, mas antes no que os franceses denominam uma deformação profissional (p. 320).” [Osório diz: Arendet arrasa Platão e Heidegger!]. (Fonte: Ensaios Sofísticos, Barbara Cassin, Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão, Edições Siciliano, São Paulo, 1990, p. 181).

 

 

 

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41.47 - Analogia - o que é.

 

É Barbara Cassin quem diz:

 

Essa é exatamente a virtude das analogias, que são, entre todas as metáforas, "as mais reputadas" (Ret., 141als.). (…) A conclusão da Poética sobre a metáfora reúne todos esses traços: "O mais importante, de longe, é saber fazer metáforas; pois só isso não pode ser retomado de um outro e é o signo de uma natureza bem-dotada. Fazer bem as metáforas é ver o semelhante" (22, 1059a 5-9).” (Fonte: Ensaios Sofísticos, Barbara Cassin, Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão, Edições Siciliano, São Paulo, 1990, p. 241).

 

 

 

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41.46Aidós.

 

É Barbara Cassin quem diz:

 

Aidós é o "respeito da opinião pública", o "sentimento de respeito humano"5, logo de forma alguma um sentimento de obrigação moral cuja transgressão provocaria um problema de consciência, mas o sentimento do olhar e da espera do outro. Da mesma forma, díke, de deíknymi, "eu mostro", antes de ser a disposição própria do justo, diz a regra, o uso, a norma pública da conduta. Aidós é assim apenas a motivação para respeitar díke, e a díké só tem força na medida em que cada um experimenta do aidós: "respeito" e "justiça", depois "justiça e controle de si" (dikaiosyns, sóphrosýné, 323a), adquirem sentido na concepção sofística apenas quando mediatizados pelo olhar do outro. É por isso que Protágoras proclama ao concluir o mito que "em matéria de justiça e de virtude política em geral, mesmo quando sabemos que um homem é injusto, se ele diz publicamente a verdade sobre si mesmo (talethê légéi), o que acreditávamos sabedoria há pouco (dizer a verdade) é aqui loucura", e "diz-se que todos devem dizer" que eles são justos (kaï phasin pántas deln phánaï), quer o sejam ou não, e que "aquele que não finge a justiça (prospoioúmenon) é um louco" (323bc). O princípio de publicidade é necessariamente princípio de hipocrisia, como para Ântifon, que define o bom uso da justiça pela observância das prescrições das leis quando se está em presença de testemunhas e pela observância das prescrições da natureza quando se está na solidão do privado (87 B44, f r. A, col. 1).

É bem isso que desenvolve o lógos de Protágoras, que se segue ao mito: a virtude é como o lógos, é um aprendizado da convenção. A cidade inteira ensina o "valor", areté, ao mesmo tempo em que ensina a falar. O aprendizado começa desde que a criança "presta atenção" ou "compreende o que lhe é dito" (syníei tà legómena, 325c 7), desde que efetua a "convenção" que são as palavras. Ele prossegue através do estudo das formas mais e mais refinadas do lógos, até esta instância eminente que é sua prestação de contas no fim da magistratura (326e). É por isso que não existem mais mestres de virtude do que mestres de grego (328a): o poder da justiça, a virtude política, se confunde com o do lógos. Mas é também por isso que Protágoras se considera um dos melhores professores.

Observaremos, para concluir, que o que ressalta do lógos após o mito, a saber que o próprio lógos constitui a virtude política por excelência, (...) (Fonte: Ensaios Sofísticos, Barbara Cassin, Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão, Edições Siciliano, São Paulo, 1990, p. 82-83).

 

 

 

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Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

41.45A fantasiosa lenda da “abelha e o capitalismo”.

 

É Barbara Cassin quem diz:

 

A homónoia é assim o estado de equilíbrio produzido pelo exercício da singularidade e do interesse egoísta levado até o extremo: novamente a mistura democrática tira partido dos próprios defeitos. Há aí uma astúcia objetiva, não da razão, mas da democracia.” (Fonte: Ensaios Sofísticos, Barbara Cassin, Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão, Edições Siciliano, São Paulo, 1990, p. 94).

 

 

 

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Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

41.44 – Kerferd – o autor – pede perdão por ousar!

 

Ensina Kerferd:

 

Este capítulo intentou compreender o movimento sofista como um movimento social dentro do contexto da sociedade ateniense do século V. Acredito que não há necessidade de me justificar pela ênfase dada aos aspectos especiais existentes em Atenas e, em particular, pela importância atribuída à influência pessoal de Péricles, embora reconheça que em ambos os pontos talvez esteja indo um pouco mais longe do que foram outros especialistas.” (Fonte: O movimento sofista, G. B. Kerferd, tradução de Margarida Oliva, Loyola, São Paulo, 2003, p. 44).

 

 

 

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Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

41.43 – A covardia ou temerosidade do autor na exposição da Sofística.

 

Ensina Kerferd:

 

Uma lista longa, e talvez sejamos criticados por sentir que ela representa o processo mesmo de transição de uma antiga e tradicional representação do mundo para um mundo que é intelectualmente o nosso mundo, com os nossos problemas. No entanto a tentativa de interpretar os sofistas nessa linha mal começou. O que se segue neste livro é bem um primeiro passo. Antes de prosseguir com as interpretações nessa linha, será contudo útil, julgo eu, tratar brevemente de dois tópicos preliminares — a história das tentativas passadas de avaliar o movimento sofista, essencial para se compreender por que sua importância foi tão subestimada até agora, e a situação histórica e social que produziu a atividade dos sofistas.” [Osório diz: Osório diz: Kerferd, contudo, e como muitos outros autores, mostra-se medroso ou temeroso, em assumir não a defesa dos Sofistas, mas a própria realidade histórica, mas até entendo: são professores e têm receio, certamente, de perder seus empregos. Hegel ensinava em uma monarquia, era empregado do príncipe, como então, ter autonomia de dizer diretamente o que pensava? Por isso ficava nas curvas de seu pensamento tortuoso!]. (Fonte: O movimento sofista, G. B. Kerferd, tradução de Margarida Oliva, Loyola, São Paulo, 2003, p. 12).

 

 

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