Licofronte Fragmentos

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Licofronte

 

Licofronte

 

Orador e sofista, foi um discípulo de Górgias.

 

Disse que a ciência é a associação do conhecimento à alma, concebendo a unidade da pessoa a partir da percepção sensorial e da atividade intelectual complementares entre si.

 

Atribui-se-lhe uma das primeiras referências à doutrina do contrato social, ao dizer que a lei consiste numa convenção (sunqhkh, syntheke) que, embora acautelasse a garantia dos direitos mútuos no seio da polis, não assegurava de modo algum que os cidadãos se tornassem bons e justos.

 

É um dos defensores da ideia de igualdade entre os homens na perspectiva das semelhanças que os unem independentemente das condições de nascimento.

 

Aristóteles, na sua Metafísica (8, 6, 1045 b 10), citando Licofronte, afirma que para este “a ciência é comunhão do conhecimento e da alma”.

 

Aristóteles refere que Licofronte abandonou o uso da cópula “é” para evitar atribuir predicados “múltiplos” a um sujeito “uno”, o que punha em causa a identidade do próprio ser do sujeito

 

Aristóteles, na sua Política (3, 9,1280 b 8), diz: a sociedade torna-se uma aliança diferente apenas do ponto de vista topográfico dos outros tipos de aliança estabelecidos entre povos que vivem distantes. A lei é uma convenção 6 e, como dizia o sofista Licofronte, “um garante dos direitos recíprocos”, mas incapaz de tornar bons e justos os cidadãos.

 

Ao mencionar o caráter convencional da lei como sendo estabelecida por acordo — syntheke, sunqhkh —, o sofista faz uma das primeiras referências à famosa doutrina do contrato social, mas não dispomos de suficientes informações sobre Licofronte para podermos reconstituir em moldes fidedignos o contexto doutrinário em que esta se insere. Na perspectiva de Aristóteles qualquer lei que não tivesse em consideração a natureza teleológica do homem seria manifestamente insuficiente para assegurar o esteio ético-político da vida colectiva. Sobre o carácter convencional das leis, confira Platão, República 2 359 a.

 

Aristóteles, no Fragmento 91 Rose (citado por Estobeu, Florilégio, 4 29 p. 710 H.), afirma: Pretendendo dizer o seguinte: é a nobreza própria de pessoas ilustres e empenhadas ou como escreveu Licofronte, o sofista, algo completamente vão? Aquele contrapondo-a aos outros bens diz: “a beleza da nobreza é invisível, a sua magnificência encontra-se nas palavras”, já que a preferência por esta tem como objetivo o renome, mas, na verdade, em nada diferem os não nobres dos nobres.

 

A negação das diferenças entre os bem-nascidos e os de condição humilde fundamenta-se no argumento de que a dignidade da nobreza não assenta na “natureza” mas na “opinião”. A nobreza não é “visível” mas todo o seu impacto e a sua superioridade advêm das “palavras” de algo que deriva da “aparência” e do “parecer” constituindo uma reputação “forjada” nos hábitos e nos discursos.

 

Aristóteles, nas suas Refutações Sofísticas (15, 174 b 32), expõe: “tem de se argumentar algumas vezes num sentido diferente do tema proposto derivando-o deste, se não se conseguir argumentar sobre o tema estabelecido, como fez Licofronte quando lhe foi proposto fazer o elogio da lira. Alexandre de Afrodísias, Comentário ao passo... ou antes, quando foi forçado por alguns a elogiar a lira não encontrava muitos argumentos e, tendo elogiado um pouco essa lira perceptível pelos sentidos, voltou-se para a lira celestial: existe no céu uma constelação constituída por muitas estrelas que é denominada Lira, acerca da qual encontrou muitos e bons argumentos.

 

Fonte: todas as informações acima sobre Licofronte foram retiradas de: SOFISTAS – testemunhos e fragmentos, tradução e notas: Ana Alexandre Alves de Sousa e Maria José Vaz Pinto, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Lisboa, 2005, a qual, portanto, deve ser consultada.

 

 
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