Sofística
(uma biografia do conhecimento)
114 – Homonoia, segundo a Sofística.
É Barbara Cassin quem diz:
“Vemos que é finalmente o modelo orgânico, mesmo se não é nem o mais explícito nem detalhado em sua totalidade, que triunfa: a cidade/a alma funciona como o corpo. A diferença entre as partes é necessária pela mesma razão que aquela entre as mãos e os olhos. Aliás, a cidade está doente do cidadão como o homem está doente do dedo (IV, 462cd); e, mais geralmente, a justiça é saúde da alma como da cidade (444c-e), da mesma maneira que as formas desviantes de constituições são doenças, segundo a metáfora que desenvolve o livro VIII. A homónoia descreve a maneira pela qual as partes concorrem para o todo. Bem entendido, desde que uma parte pretenda a autonomia, só pode se tratar de uma perversão stricto sensu, ao mesmo tempo perigosa e culpável. À diferença do todo sofístico, o todo platônico não sabe ou não quer tratar a livre concorrência das singularidades que o constituem” (Fonte: Ensaios Sofísticos, Barbara Cassin, Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão, Edições Siciliano, São Paulo, 1990, p. 87).