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87.7 – Retórica e Filosofia em Protágoras.

Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

87.7 – Retórica e Filosofia em Protágoras.

 

Ensina Guthrie:

 

O subjetivismo de Protágoras já foi introduzido em conexão com a relatividade de valores, e a estreita relação dele com suas atividades como professor de retórica é óbvia [Nestle diz que não passa de petitio principii considerar a retórica como a fonte da filosofia de Protágoras. E com certeza imperdoavelmente grosseiro. O ceticismo e subjetivismo, de que era tão notável representante, estavam enraizados na história anterior da filosofia, se bem que como reação desde sua universal suposição de uma realidade não-percebida subjacente aos fenômenos ou mesmo (no caso dos eleatas) negando-lhes o direito de existir (ZN, 1358n). É melhor evitar dogmatizar sobre causa e efeito, e só dizer que, assim como a liberdade democrática de Atenas favoreceu na prática o rápido surgimento da retórica, assim também a situação filosófica forneceu contexto adequado à sua justificação teórica: e isso os melhores dos sofistas, que eram muito mais do que demagogos e oradores de rua, estavam desejosos de fornecer. [Osório diz: muito bom este escrito de Nestle].]. Ensinava os alunos a elogiar e censurar o mesmo caso, foi famoso por sua afirmação de que "fazia do argumento mais fraco o mais forte" (v., por exemplo, Ar. Rhet. 1402a23ss), e escreveu dois livros de "Argumentos contrários" que podem ter sido manuais de retórica. "Há", dizia ele, "dois argumentos opostos sobre todo assunto" [Diógenes Laércio: uma tradução igualmente possível seria: "De cada coisa duas avaliações contrárias se podem dar".], e em Eutidemo (286b-c) Sócrates atribui a "Protágoras e até a pensadores mais antigos" a tese de que é impossível contradizer, o que, diz ele, vale dizer que é impossível falar falsamente [Os "pensadores mais antigos" não precisam ser levados muito a sério. Platão pensaria principalmente em Heráclito e sua doutrina da identidade dos opostos (vol. I, 442ss), que, sem dúvida, influenciou as idéias de Protágoras, mas as continha apenas em embrião. Platão gostaria de apresentar não só filósofos mais antigos, mas até poetas como pais, por assim dizer, de doutrinas filosóficas, como, por exemplo, em Teet. 152e e Crát. 402b ele reconduza doutrinado fluxo de Heráclito a Homero [Osório diz: isso lhe era interessante naquele momento!]. Nem, em vista de muitos exemplos platônicos em contrário, podemos supor hoi amphi P. visando a excluir o próprio Protágoras. A tese da impossibilidade de contradição comumente se atribui a Antístenes com base em Aristóteles (Meta f. 1024b32, Top. 104b20). D.L. (9.53, cf. 3.35) chama-a de a tese de Antístenes, mas acrescenta, citando Platão, que ela foi defendida pela primeira vez por Protágoras. As palavras de Aristóteles certamente não o excluem, e a linguagem de Platão sugere que pode ter sido bem conhecida em meios sofistas do séc. V. Um papiro de um autor do séc. IV a.C. atribui-a a Pródico. Isto pode ser mero engano, mas Pródico estava familiarizado tanto com Protágoras como com Antístenes (Xen. Symp. 1 4.62). V. Binder e Liesenborghs em Mus. Helv. 1966. [Osório diz: Protágoras versus Antístenes]]. Aristóteles (Metaph. 1007b18) fala da tese de "que afirmações contraditórias sobre a mesma coisa são simultaneamente verdadeiras" e "é impossível afirmar ou negar alguma coisa de qualquer assunto" como algo a ser aceito por aqueles que aceitam o dito de Protágoras. Mais abaixo, em 1009a6, ele diz (depois de mencionar a negação da lei de contradição): “O que Protágoras diz origina-se da mesma opinião, e devem ficar de pé ou cair juntos; pois se tudo o que parece e se crê é verdadeiro, tudo deve ser ao mesmo tempo verdadeiro e falso, pois muitas pessoas sustentam opiniões opostas umas às outras” [Untersteiner e H. Gomperz argumentaram partindo destas passagens que a impossibilidade de contradição não era um princípio de Protágoras, uma vez que Aristóteles o apresenta como inferência do que ele disse. O mais que se pode afirmar é que não provam que não foi, e outras provas tornam-no praticamente certo. Há, porém, esta qualificação a ser feita, de que o que não pode ser contradito deve "parecer a, ou ser crido por" pelo menos um homem. Protágoras não concordaria com Aristóteles em que tudo o que pode ser pronunciado deva ser verdadeiro ou falso (1007b20), pois, afinal, ninguém crê que homens sejam trirremes ou muros. [Osório diz: barreiras no jogo de futebol são chamadas (tidas por iguais) de muros!]]. [Osório diz: ver Barbara Cassin e o “maior número primo”].

O fundamento teórico de todas estas afirmações está na tese com que ele introduziu sua obra sobre a Verdade, 21 e que já foi citada por sua referência a conceitos de valor (fr. 1DK):

O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são o que são, e das coisas que não são o que não são.

A continuação mostra que tinha principalmente o indivíduo em mente, embora, a não ser que Platão vá além dele quanto a isso, ele a tivesse estendido à opinião corporativa de um Estado enquanto incorporada em suas leis. (v. p. 162 acima). Além de Platão e Aristóteles, a afirmação é citada por Sexto, que também a entende do indivíduo explicando: "a verdade é algo de relativo, porque tudo o que pareceu ou que foi crido por alguém (tini) é de imediato real em relação a ele". [Osório diz: indivíduo versus coletividade. Veja o francês Gilbert]

A palavra "medida" (metron) foi escolhida provavelmente por Protágoras pelo sabor epigramático que ela dá ao seu dito muito citável, e não há razão para duvidar de que Platão, seguido por Sexto, tenha acertado em explicitá-la como kriterion, padrão de julgamento. Seu sentido se manifesta por uma crítica de Aristóteles. No fim de uma discussão do metron na Metafísica (1053a31), ele diz (para parafrasear e expor uma passagem difícil) que, além de seus sentidos mais correntes, a palavra é aplicada ao conhecimento e à sensação porque são meios de saber sobre coisas, como uma medida-padrão nos ajuda a saber de seu tamanho, peso, valor etc. Este, porém, é uso errado do termo que o faz significar o oposto do que deveria. Longe de nosso conhecimento e nossas sensações serem a medida da realidade, é a realidade que deve medir a soma e o valor de nosso conhecimento. 25 [Osório diz: é o homem quem faz a realidade. Não existe realidade sem o homem. O que é a realidade para uma pedra ou para um porco?] O conhecimento não pode determinar a natureza das coisas; sua tarefa é se adaptar à natureza delas como já determinada, para atingir a verdade [Osório diz: esse seria o conhecimento raso, do dia a dia, aquele não questionado, não posto em dúvidas]. Assim, acrescenta ele, quando Protágoras diz que o Homem é a medida de todas as coisas, querendo dizer o homem que conhece ou percebe, fala absurdo, embora pareça engenhoso.

Aristóteles fala do ponto de vista de sua própria filosofia e da filosofia platônica, de acordo com a qual existe uma realidade além e independente de nossos conhecimentos e crenças, e contrastando com ela a doutrina de Protágoras segundo a qual nada existe a não ser o que cada um de nós percebe e conhece. (Uma vez que nossas percepções nesta teoria são infalíveis, deve-se dar a elas o nome de conhecimento, Teet. 152c). São nossos próprios sentimentos e convicções que medem e determinam os limites e a natureza da realidade, que só existem em relação a elas e é diferente para cada um de nós. A oposição de Aristóteles mostra que para ele a doutrina de Protágoras era doutrina de puro subjetivismo e relativismo. Será que esta avaliação era correta? Duas visões foram tomadas. Para colocá-lo nos termos do exemplo de Platão (Teet. 152b), se o vento está frio para mim que o sinto frio, e é quente para você que o sente quente, significa isto que o vento em si mesmo é tanto quente como frio, ou que o vento em si mesmo não é nem quente nem frio? Em termos gerais, devemos dizer (a) todas as propriedades percebidas por alguém coexistem no objeto físico, ou (b) que as propriedades perceptíveis não têm nenhuma existência independente no objeto, mas vêm a ser como são percebidas, e para o percipiente? [Osório diz: ver sobre o vento em Gilbert / Realidade e conhecimento]

Senso comum: [Von Fritz diz de modo semelhante (RE, XLV. Halbb. 916s) que a afirmação não expressa pleno sensualismo, relativismo ou fenomenalismo, mas visa a opor uma "Philosophie des gesunden Menschenverstandes" às filosofias dos eleatas, Heráclito etc., que se afastam muito da communis opinio. Ele afirma que isto surgiu do Teeteto: Platão continua frisando que, se a afirmação de Protágoras for levada à sua conclusão lógica, conduz ao absoluto relativismo e subjetivismo, mas deixa claro que esta conclusão não foi tirada por Protágoras (166d ss). Cf. também Cherniss, ACP, 369.]

A teoria de uma substância ou matéria contendo propriedades que podem ou não podem ser percebidas é especificamente negada para Protágoras por Aristóteles. [Osório diz: seria, então, mais uma invenção de Platão, como diz também Von Fritz na nota 26?]

Sexto se comprova testemunha inconfiável de idéias protagóricas genuínas quando tenta ir além da afirmação de "o homem é medida" e suas óbvias implicações. [Osório diz: Sexto Empírico deturpa Protágoras]

Podemos concluir que Protágoras adotou extremo subjetivismo [Se quisermos um rótulo, este é melhor que sensualismo ou fenomenalismo, para a teoria aplicada ao que era pensado ou crido bem como ao que era percebido, a noções de certo e errado assim como também a sensações de quente e frio. A conclusão alcançada aqui quanto ao subjetivismo de Protágoras concorda com a de Ad. Levi em seu artigo em Philosophy, 1940, embora seja evidente que não aceito sua afirmação ulterior de que ela se aplicava apenas ao conhecimento da natureza e que Protágoras não a estendeu ao campo ético. A diferença entre nós repousa em diferente interpretação deste discurso no Protágoras.] segundo o qual não havia nenhuma realidade atrás e independente das aparências, nenhuma diferença entre aparecer e ser, e cada um de nós é o juiz de nossas próprias impressões [Osório diz: realidade]. O que me parece é para mim, e nenhum homem está em condições de chamar o outro de errado. Se o que eu sinto como quente tu sentes como frio, não podemos argumentar sobre isto: é quente para mim e frio para você. Nenhum filósofo natural foi assim tão longe, pois é uma negação do próprio sentido de physis. Também Demócrito disse que todas as sensações são subjetivas, que quente e frio, doce e amargo, não têm nenhuma existência na natureza, mas isto era porque deviam se explicar como devidos à interação entre a estrutura atômica de nossos corpos e a do objeto percebido. Havia uma physis ou realidade permanente, a saber, átomos e vazio (vol. II. pp. 438, 440). Para Protágoras, não existe nenhuma, e por isso Demócrito o atacou, objetando que nesta visão "nada era mais do que assim e assim". Ele [Osório diz: Protágoras] estava na vanguarda da reação humanista contra os filósofos naturais, cujas especulações contraditórias levara-os à perda de reputação entre os homens práticos — cada um, como disse Górgias (p. 52 acima), pretendendo possuir o segredo do universo, mas, de fato, apenas opondo uma opinião contra outra, cada uma mais inacreditável que a última [Osório diz: não lembro de ter lido isso, p. 52!]. Como todos os sofistas, ele estava familiarizado com suas teorias, mas se afastou deles para ensinar a única coisa que importava, como cuidar dos próprios negócios e ocupar-se com o Estado (Platão, Prot. 318e-319a). 32 Não há muito proveito, pois, em debater de qual filósofo ele tomou emprestado ou contra o qual reagiu, sobretudo porque sabemos muito pouco do conteúdo de seus escritos: todos caçavam quimeras, embora seu polo oposto direto fosse com certeza Parmênides, o qual pensava que todas as sensações e opiniões se deviam rejeitar como falsas. [Osório diz: e assim o auxilia Górgias e as suas três teses! Esta a junção perfeita entre Protágoras e Górgias! / De onde e por que Protágoras tirou o homem medida]

Vimos que o seu relativismo se estendia ao campo da ética. Nossa informação refere-se apenas aos Estados, mas obviamente, se um homem crê sinceramente que é bom roubar, então para ele, enquanto crê nisto, roubar é bom. Mas, assim como vale a pena para o médico mudar o mundo do doente por suas drogas (Teet. 167a), de sorte que o que parece e é para ele amargo pareça e seja para ele doce, assim também vale a pena para a maioria, ou para seus representantes designados, para os quais roubar tanto parece como é mau, trabalhar sobre ele por persuasão até que o seu modo de ver — isto é, a verdade para ele — seja mudada. A conclusão lógica do subjetivismo de Protágoras é a anarquia moral e política, mas isto estava longe de seus pensamentos, e a moral e a ordem social foram salvas por esta curiosa doutrina, típica deste período, pela qual o padrão de verdade e falsidade é abandonado, mas substituído pelo padrão pragmático de melhor e pior. "Algumas aparências são melhores que outras, embora nenhuma seja mais verdadeira" (Teet. 167b). Aqui, sem dúvida, a doutrina epistemológico-ontológica da completa subjetividade rui: a aparência do momento é subordinada a um padrão mais alto [Osório diz: mas não o verdadeiro, pois pode sempre ser melhorado. Portanto, nada de fixidez, de rigidez cadavérica, que “é” a única certeza, a morte!], o fim ou propósito da natureza humana e da sociedade [Osório diz: então o fim e o propósito da natureza humana e da sociedade foi dado pelo homem! Nunca por um deus sabe-tudo!]. Ao mesmo tempo, entra o outro tipo de relatividade: homens e sociedade diferem amplamente, e assim, portanto, também suas necessidades. Não há nenhum oniabrangente "bem para o homem". [Osório diz: cada bem é bem particular, embora nada impeça, ao contrário, tudo indica, que um homem possa convencer a outros de que o seu bem é melhor que outros bens! Daí nascendo a possibilidade da vida em sociedade!]

Diagnosticar a situação particular e preservar o melhor curso de ação para um homem ou um Estado sob dadas condições, como o médico faz para seu paciente, é, como o viu Protágoras, a tarefa do sofista [A relação de Sócrates e Platão com os sofistas é sutil [Osório diz: daí o acerto de Aristófanes ao descrever Sócrates!]. Diz-se geralmente que, ao passo que os sofistas eram empiristas que negavam a possibilidade de uma definição geral de "bem" pelo motivo de ela diferir relativamente aos indivíduos e às sociedades e suas circunstâncias, Sócrates (e Platão depois dele [Osório diz: este é um problema!]) insistiu em que havia um bem universal, cujo conhecimento daria a chave para a ação reta para todos em toda parte. Assim Aristóteles (como Platão no Meno) descreve-o insistindo numa definição geral de arete em contraste a Górgias que preferia enumerar virtudes separadas (Pol. 1260a27). Todavia, no Fedro é o "verdadeiro retórico", isto é, o filósofo dialeticamente treinado [Osório diz: vejam como Platão aproveita tudo dos sofistas, apenas diz que o que ele, Platão, expõe é o certo, o verdadeiro, a verdade], que é comparado com um médico qualificado, que não só sabe como ministrar vários tratamentos mas também entende o que é apropriado a determinado paciente, e quando e por quanto tempo – um homem, pelo que parece, na tradição empírica do melhor ensino médico grego. Ao invés, o retórico comum, que "por ignorância da dialética é incapaz de definir a natureza da retórica", assemelha-se a curandeiro que aprendeu de livro como dar vomitório ou purgante, mas não tema menor ideia de quando seu uso será apropriado (Fedr. 268a-c, 269b) [Osório diz: eis o elitismo! Como se os primeiros médicos não estivessem mais para curandeiros!]. Pode ser que a busca socrática de definições, e seu fruto, a dialética platônica da "coleção e divisão", antes incluem e transcendem do que anulam a obra dos sofistas e retóricos [Osório diz: isso seria até aceitável, não fosse a volta ao misticismo (deuses) e a fixação em verdade, que é sempre provisória, paradigma]. Descreve-se, afinal, seu ensino no Fedro como sendo, se bem que não a arte da retórica propriamente dita, uma necessária propedêutica para ela (ta pro tes technes anagkaia, 269c). Tais questões exigem cuidadosa consideração; v. especialmente Sócrates, c. III, § 8. [Osório diz: Sofistas e Sócrates são tão parecidos que não se consegue separá-los!]]. [Osório diz: daí a necessidade da democracia para o pleno exercício das liberdades].

Assegurar que aquele curso seja seguido é o interesse do retórico. Protágoras era ambas as coisas, e ensinava ambas as artes. Sua integridade pessoal, talvez, o preveniu de ver que sua arte de defender ambos os lados, e de fazer o argumento mais fraco parecer o mais forte, era espada de dois gumes nas mãos de homens menos escrupulosos. A média dos retóricos estava satisfeita com os meios e não se incomodava com os fins.

Virou as cabeças dos jovens, dizendo-lhes que lhes bastava dominar a arte da persuasão para conseguirem ter o mundo a seus pés: o que faziam com isso era assunto deles.

 

APÊNDICE

 

Anthropos. Usa-o Protágoras em

 

(a) sentido individual ou

(b) universal, ou ele

(c) ignora a distinção?

 

Defensores da interpretação (c), que ganhou favor recentemente, incluem Joël (Gesch. 703-5), Untersteiner (Sophs. 42, 86s), Classen (Proc. Afr. Ass. 1959,35) e Cornford (inédito). Alguns que defendem esta visão combinam-na com (a): Protágoras pensava no indivíduo, mas a distinção provavelmente não lhe estava presente na mente. Isto parece bastante provável, contanto que se tome para excluir (b). H. Gomperz, em sua argumentação de que Protágoras não teria feito nenhuma distinção, afirma que não há contradição entre as duas, porque, se o que parece a um indivíduo existe para ele, então o que parece a todos os homens existe para todos os homens. Bastante verdadeiro, se Protágoras acreditasse que havia alguma coisa que parecesse o mesmo para todos os homens. Mas não era a essência de seu ensino que não era assim? [Osório diz: “o mesmo” é por conta o autor! Aparece para todos da forma como cada qual a vê! A sente! Mas o homem pode convencer os demais que a sua forma de ver/sentir é a melhor e, assim, obter seus apoios/acordos. Essa a essência do professor de arete para Estado e família. Exemplo? A moda! Cada qual a vê de uma maneira, mas obtem-se acordo de que a produzida por um grife francesa é melhor e mais bonita! / Ver Gilbert sobre isso].

Depois de tudo isso é animador voltar para o senso comum de um historiador da literatura grega, Lesky, que diz em, sua Hist. Gr. Lit. p. 345: "Com certeza, a sentença se refere ao indivíduo. Quem duvidar disso deve sustentar que Platão mente ou engana-se... [Osório diz: qual a novidade? Ele só faz isso!] Se estivermos determinados a desacreditar Platão, ainda poderemos contar com outros autores [Aristóteles, Sexto [Osório diz: segundo Guthrie, Sexto distorce Protágoras, veja-se acima], cujo uso da palavra a hécastos mostra que também tomaram a sentença como referente ao indivíduo". [Osório diz: qual a importância disso? (ver em “Os sofistas” - Gilbert Romeyer-Dherbey) O “universal” (sempre resultado de um acordo) não é composto por cada homem em particular? Ademais, se todos sentissem/vissem a mesma coisa a coisa não seria única para cada um. Se o ver/sentir fosse coletivo, teríamos a tal verdade!].

Calógero (v. Untersteiner, Sophs. 90, n. 34) pensa que é a-histórico propor a questão, porque a distinção entre existência e essência não podia ter estado conscientemente presente na mente de Protágoras. [Osório diz: e por que não? Claro que poderia! Com a inteligência dele tudo é possível. O que não podemos afirmar, com o material que dispomos, é que esteve presente. Como em tudo, a dúvida se impõe].

Não precisamos descartar o último do argumento pela razão de que o homem não pode ser uma medida da existência de árvores e pedras (como o faz Nestle, VMzuL, 271): segundo uma filosofia de esse est percipi [Osório diz: tradução: “ser é ser percebido”] ele pode. Mas existe pouca importância em seguir esta linha, uma vez que todos os exemplos dados por Platão e Aristóteles são de propriedades ou atributos. São estes que interessariam a Protágoras como mestre de política, ética e retórica.” [Osório diz: mas é Platão quem fala de “vento” frio ou quente!]. [Osório diz: por que o “relativismo” de Protágoras se aplica a ética]. (Fonte: Os sofistas, W. K. C. Guthrie, tradução, João Rezende Costa, Paulus, São Paulo, 1995, p. 172-181).

 

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