Sofística
(uma biografia do conhecimento)
51.6 – Democracia, por Pródico.
Pontua Gilbert Romeyer-Dherbey:
“No parágrafo 3º do apólogo de Héracles, Pródico passa à condenação da homossexualidade: Areté estigmatiza o fato “de usar homens como se fossem mulheres”. Vê-se, portanto, como era falso dizer que a homossexualidade era geral na Grécia antiga [Osório diz: a homossexualidade na Grécia antiga. Platão era viado!]; era mais característica da aristocracia dórica, e limitada a esta casta guerreira. Pode-se deduzir desta passagem o afastamento de Pródico relativamente aos costumes e tradições aristocráticas, dado que “por toda a Grécia, os aristocratas sofreram uma forte influência dórica”. Este cambiante está confirmado por uma outra conotação política do texto quanto à escolha de Héracles. Depois de ter declarado: “sou honrada mais do que qualquer outra”, Excelência (Areté) delineia o campo da sua atividade; é “colaboradora amada pelos artistas”, “companheira bondosa dos servos”. Reconhecer que os artistas e servos têm parte na virtude, isto é, na excelência, revela a amplitude do humanismo de Pródico e traduz tendências políticas preferentemente democráticas ou, pelo menos, não oligárquicas. A preocupação política não estava ausente do ensino de Pródico, que definia o sofista como “um intermediário entre o filósofo e o político”; por isso, dedicava-se à formação dos cidadãos que se destinavam a participar ativamente nos assuntos políticos e os seus ouvintes deviam ser ou democratas ou aristocratas que aceitavam fazer o jogo da democracia e adaptar-se às suas regras.” (Fonte: Gilbert Romeyer-Dherbey, Os sofistas, tradução João Amado, Edições 70, Lisboa, 1999, p. 65-66).