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51.5 – Teologia natural, por Pródico.

Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

51.5 – Teologia natural, por Pródico.

 

Ensina Gilbert Romeyer-Dherbey:

 

Esta história do homem é uma história natural: para Pródico, o desenvolvimento da civilização faz-se essencialmente por meio de tudo o que se relaciona com a terra e com a agricultura. Por esta religião da terra, Pródico relaciona intimamente culto e cultura; não opõe, portanto, nomos e physis, mas faz derivar, em continuidade de uma com a outra, a lei da natureza. [Osório diz: não opositor entre nomos e phýsis, mas harmonizador]

Um testemunho de Epifânio, acrescentando à coleção de Diels-Kranz por Untersteiner, declara que “Pródico chama deuses aos quatro elementos, além do sol e da lua. De fato, dizia que destes deriva para todos o princípio vital”.

Ora, o divino, para o sentimento religioso politeísta de que Pródico se faz aqui eco ou psicólogo, pode ser ainda mais humilde e mais próximo, e transformar-se na própria substância da vida de todos os dias: divinos são o pão e o vinho, a água e o fogo, já respectivamente chamados Deméter, Dioniso, Poseídon e Hefaístos. [Osório diz: quem são os deuses]

(...)

Estas descobertas visam, talvez, a transformação do trigo em farinha, das uvas em vinho; as artes poderiam designar o uso do fogo para o cozimento dos alimentos.

(...)

Evemerismo – … Evémero que é posterior à Pródico. O evemerismo é um ateísmo: parte do suposto de que aqueles que chamamos deuses não são, na sua origem, senão homens divinizados pela crença popular. [Osório diz: diferença entre Pródico e Evêmero].

Pelo contrário, parecem estreitas as relações entre a doutrina de Pródico e os cultos inicáticos, os mistérios de Elêusis principalmente, que se dedicavam sobretudo ao culto de Deméter, deusa da Agricultura, “princípio do trabalho civilizador”. Os descobridores de que fala Pródico não seriam, portanto, homens, que inventaram o que antes não existia e que o reconhecimento dos seus semelhantes diviniza a seguir; designam antes “os que produziram tudo o que existe de útil para o homem na natureza”.

Os gregos desta época opõem menos os ateus aos crentes do que – sendo o ateísmo uma posição extrema – aqueles que acreditam que os deuses não se preocupam com os negócios humanos, como Trasímaco, ou, pelo contrário, deles se ocupam, como parece ser Pródico.” [Osório diz: divergência entre os sofistas quanto aos deuses]. (Fonte: Gilbert Romeyer-Dherbey, Os sofistas, tradução João Amado, Edições 70, Lisboa, 1999, p. 61, 62-63 e 64).

 

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