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45.24 – Protágoras e a “natureza da verdade”, por Hegel.

Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

45.24 – Protágoras e a “natureza da verdade”, por Hegel.

 

INTERPRETAÇÃO HEGELIANA – Que a verdade das coisas se encontra no homem mais que nas coisas, é uma afirmação que caracteriza, aos olhos de Hegel, a descoberta do poder da subjetividade. Grande é, pois, a modernidade de Protágoras que, com o homem-medida, operará “esta conversão deveras notável, a saber, que todo o conteúdo, todo o elemento objetivo, só existe relativamente à consciência, visto que o pensar é enunciado como momento essencial para todo o verdadeiro; o absoluto adquire assim a forma da subjetividade pensante” [Osório diz: Protágoras e a criação da subjetividade]. O princípio fundamental da filosofia de Protágoras é, portanto, a afirmação de que o ser do objeto é fenomenalidade, e que todo o fenômeno é determinado pela consciência que o percepciona e pensa [Osório diz: o que é o objeto]. O ser não está, pois, em si, mas existe pela apreensão do pensamento só por meio do qual algo aparece, e aparece tal. O ser pensante, isto é, o homem, confere a sua medida às coisas porque o seu ser consiste em um aparecer e porque o sujeito humano é a fonte deste aparecer. É por isso que a alma se define, para Protágoras, por aquilo que, no pensamento pré-socrático, designa todo o poder de aparecer ao homem: o sentir, ou antes, o perceber: “a Alma não é nada, dizia ele, exceto percepções.” [Osório diz: não existe o tal fato, mas a versão dos fatos] Esta movimento, que conduz a verdade para o lado da subjetividade e da consciência, caracteriza, segundo Hegel, o idealismo ou, pelo menos, corrige Hegel, “o mau idealismo dos tempos modernos”, de que Protágoras seria, assim, o precursor [Osório diz: Protágoras como precursor do idealismo]. A crítica de Protágoras, para Platão e Aristóteles, significaria então a rejeição por estes dois pensadores do idealismo subjetivo, a diversos níveis, já que Platão recusa o princípio subjetivo, ao passo que Aristóteles recusa o próprio idealismo [Osório diz: diferença entre Protágoras, Platão e Aristóteles].

Apesar de tudo, há um tema no pensamento de Protágoras que a interpretação hegeliana não toma em consideração, é o do valor mais ou menos grande, do aparecer, segundo o seu grau de utilidade. Ora, o Teeteto mostra que este tema é essencial para Protágoras: assim como o médico pelos seus remédios substitui os sintomas da doença pelos da saúde e assim o agricultor com os seus adubos possibilita às plantas desenvolverem-se em vez de ficarem enfezadas, assim o sábio saberá, com os seus discursos (lógoi), substituir um aparecer sem valor e sem utilidade por outro melhor (béltion), isto é, que presta serviços e que se pode utilizar (chrestós). Esta utilidade mais ou menos ampla define então o grau mais ou menos grande da verdade do aparecer.” [Osório diz: o valor da verdade do aparecer/fenômeno]. (Fonte: Os sofistas, Gilbert Romeyer-Dherbey, tradução João Amado, Edições 70, Lisboa, 1999, p. 30-31).

 

 

 

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