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43.2 – Discurso como guia de tudo.

Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

43.2 – Discurso como guia de tudo.

 

Disserta Fausto dos Santos:

 

[...] nenhuma capacidade humana se atualiza, nem chega a ser eficaz, se o discurso não lhe empresta sua força” (Albenque, 1987, p. 97) [Osório diz: o discurso como guia de tudo]. (Fonte: Filosofia Aristotélica da Linguagem, Fausto dos Santos, Ed. Universitária Argos. Capecó-SC, 2002, p. 60).

 

A autora portuguesa Maria José Vaz Pinto nos informa que:

 

Guthrie, faz estudo destacando onze sentidos principais, cada um susceptível de cambiantes e contextualizamos suas aplicações. Deste relevamos os seguintes:

 

1) Algo dito ou escrito; uma história ou narrativa, fictícia ou verdadeira; a descrição de uma situação ou circunstâncias; notícias; discurso, conversa em geral.

3) Pensamento, ponderando os prós e os contras; opinião.

4) Causa, razão, argumento.

6) Medida.

7) Correspondência, relação, proporção.

8) Princípio geral ou regra; lei natural.

9) A faculdade da razão.

10) Definição ou fórmula expressando a natureza essencial de algo (significado corrente no séc. IV, se bem que difícil de situar estritamente antes).

Segundo aquele autor, esta resenha visa acentuar que a palavra e o pensamento se associam a noções que os gregos expressavam num mesmo vocábulo, pelo que essas diferentes noções estavam mais intimamente interligadas nos seus espíritos do que de outros, desprovidos de um termo com a mesma amplitude de sentidos.

Rodolfo Mondolfo sublinha que no séc. V a. C. o termo se aplica tando à esfera da realidade como à da linguagem e à da própria verdade, pelo que na sua pregnância arcaica releva de valores ontológicos e linguísticos (ibid., 67).

H. Fourier, diz que: No plano filosófico, logos designa a "razão" (e antes do mais, a razão humana) e os instrumentos da razão (o raciocínio, a razão, o motivo, o argumento), e, para lá da razão humana, a Razão na natureza: logos representa a essência de um objecto, a sua razão de ser, as suas leis (ibid., 219), o que nos leva "à importante noção de ordem do mundo, razão universal" (ibid.). Em sentido corrente, logos tem valor enunciativo, racional e literário, como exposição oratória ou didáctica, quer se trate de persuadir ou de demonstrar (ibid., 222). Logos serve à terminologia retórica para designar os géneros oratórios (ibid.) e na medida em que designa a narração ordenada e coerente e se aplica de modo especial à história, primeira prosa literária grega, passa a significar "prosa" por oposição a "poesia" (7r011,7o-ts) (ibid., 223). Teria recebido de àyopeúEiv a noção de "discurso público, amplo e elaborado" (ibid., 224). Segundo Fourier, "Logos teve um grande sucesso e destronou os seus predecessores (É'7rOs e gv6os) quando Xé,yEtv passou a significar "dizer" em vez de (Pngí e quando a eloquência passou a ter na vida social e política o papel que se sabe" (ibid.).

Já Capizzi distingue quatro vertentes de sentido: relação, argumento, razão e dictum (oral ou escrito), fazendo ver a relação íntima dos diferentes significados: estes movem-se no âmbito psicológico do terceiro (razão/ faculdade racional), acentuando os dois primeiros a validade universal (razão de ser do dito, da coisa, do número, da figura, etc.), enquanto os dois últimos marcam a existência de facto (razão como faculdade psíquica, dictum como produto desta) [...] Assim, segundo Capizzi, no termo logos coexistem um valor implicando validade (razão) e outro implicando algo de facto (o dito).

Por sua vez Kerferd releva que existem três áreas principais em que a palavra grega logos é aplicada e usada: "Estas são, em primeiro lugar, a área da linguagem e da formulação linguística, ou seja fala, discurso, descrição, enunciado, argumentos (enquanto expressos em palavras), etc.; em segundo lugar, a área do pensamento e dos processos mentais, ou seja pensar, raciocinar, dar conta de, explicar, (...) etc.; em terceiro lugar, a área do mundo, aquilo sobre que somos capazes de falar e de pensar, ou seja os princípios estruturais, as fórmulas, as leis naturais, etc. (...) considerados como actualmente presentes na realidade e manifestados no devir das coisas.” (Fonte: A doutrina do Logos na Sofística, Maria José Vaz Pinto, Colibri, Lisboa: 2000, p. 344).

 

 

 

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