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41.64 – Pragmatismo e relativismo e lógos.

Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

41.64 – Pragmatismo e relativismo e lógos.

 

É Bárbara Cassin quem diz:

 

A palavra mestra de Rorty é a "conversação", tão valorizada em seu idioma americano quanto diminuída é a tagarelice no alemão de Heidegger. É por aí que passa sua definição preferida do pragmatismo: é pragmático, ou sem dúvida melhor, "pragmatista", "aquele que não aceita coações que pesem sobre sua investigação, a não ser as conversacionais" 9; uma tal definição tem o mérito de compensar, por "um sentido renovado da comunidade", a perda do "conforto metafísico" que representa o essencialismo. Mais uma vez, tais pragmatistas são "relativistas" no sentido em que pensam que "nossa cultura, nosso desígnio, nossas intuições, só podem ser sustentados de forma conversacional" (Conséquences, p. 167).

 

(...)

 

Entretanto, não é nada assim. Pois tudo se passa como se, por não poder produzir, de dentro do sistema, o topos da exclusão, Rorty reproduzisse, de facto, os mesmos exclusivos, que, conseqüentemente, não mais se impõem a não ser como lugares comuns. De modo que ele se contenta, para retomar os termos de J. Poulain 10, em fazer "a prolepse do sujeito moral". Seu modelo é muito explicitamente Sócrates, e não o Sócrates complexo, chien-loup, dos diálogos platônicos, mas um Sócrates de cartão-postal, opondo-se aos sofistas por demais caricaturais para terem jamais existido. "É a questão da escolha entre Sócrates de um lado e os tiranos do outro — escolha entre os apaixonados pela conversação e os apaixonados pela retórica que engana a si mesma. Para a minha intenção, é a questão de saber se podemos ser pragmatistas sem trair Sócrates, sem cair no irracionalismo" (Conséquences, p. 169).

Sócrates ou a conversação, eis o que surpreenderá qualquer leitor dos diálogos platônicos em seu desenrolar concreto, já que o interlocutor aí está regularmente, e com freqüência muito rapidamente, reduzido aos monossílabos da aquiescência. (Fonte: Ensaios Sofísticos, Barbara Cassin, Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão, Edições Siciliano, São Paulo, 1990, p. 219-220).

 

 

 

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