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41.15 – Poetas e sofistas.

Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

41.15 – Poetas e sofistas.

 

Nos diz Guthrie:

 

Teógnis está cheio de máximas éticas, algumas de alcance geral e outras em apoio da supremacia da alta classe.

O próprio Eurípides, desafiado a apresentar motivos pelos quais o poeta merece admiração, responde: “Por sua sagacidade e bom conselho, e porque merece admiração, melhores cidadãos”.

Com poesia ia a música, pois o poeta lírico era seu próprio acompanhante.

(...)

Parece, contudo, que no séc. V a palavra começava a ser usada para escritores em prosa em contraste a poetas, quando a função didática veio a se exercer cada vez mais por este meio. Alguns dos Sete Sábios, em sua qualidade como sophistai ou mestres, expressaram em prosa o tipo de máximas que Teógnis ou Simônides expressaram em verso, o que deve ter lançado as sementes da distinção. 10 Xenofonte (Mem. 4.2. 1) diz que Eutidemo colecionou "muitas das obras escritas dos mais celebrados poetas e sofistas".

(...)

Reconheciam sua descendência da primitiva tradição educacional dos poetas; com efeito, Protágoras, no discurso um tanto auto-satisfeito que Platão lhe põe nos lábios (Prot. 316d), acusa Orfeu e Museu, Homero, Hesíodo e Simônides de usar de sua poesia como disfarce, por medo do ódio ligado ao nome que descreve seu real caráter, que era o de sofistas como ele mesmo. (A confusão anacrônica está em aceitar o tom despreocupado que Platão adota nas partes dramáticas do seu diálogo, pois, nem é preciso dizer, nenhum estigma profissional se ligava ao nome em tempos primitivos, e, em todo caso, como vimos, era de fato aplicado aos poetas). No Meno (91e-92a), Platão fala de "muitos outros", além de Protágoras, que praticaram a profissão de sofistas, "alguns antes de seu tempo e outros ainda vivos".

[O nome foi dito por Plutarco (Péricles 4) de Damon, sofista que foi aluno de Pródico e amigo de Sócrates (Platão, Ladres 197d). Ele era conhecido sobretudo como autoridade em música, mas, diz Plutarco, embora sofista líder e de fato o mentor de Péricles em política, ele usou sua reputação musical para esconder sua deinotes. Isto, porém, não lhe valeu, e foi ostracizado. Sua associação com Péricles é confirmada por Platão (Ale. I 118c) e Isócrates (Antid. 235), e seu ostracismo (já em Arist. Ath. Pol. 27. 4) pela descoberta de um óstraco com seu nome (DK, 1, 382 n. Na República (400b, 424 c) Platão esclarece que seu interesse por música ligava-se a questões mais abrangentes de seus efeitos morais e sociais. Ele vai tão longe a ponto de dizer que na visão de Damon "os modos musicais não são nunca perturbados sem perturbaras convicções políticas e sociais mais fundamentais" ( trad. Shorey). Se fosse conhecido mais dele, podia ocupar importante lugar na história do movimento sofista, mas em nossa relativa ignorância ele só pode aparecer como nota de rodapé a ela. Textos em DK, 1, n. 37, e estudos modernos incluem W. D. Anderson, "The importance of the Damonian theory in Plato's thought" (TAPA, 1955; veja também seu livro Ethos and education in Greek music e sua rescensão por Borthwick em CR, 1958); cap. 6 de F. Lasserre, Plut. dela musique; J. S. Morrison em CQ, 1958, 204-6; H. John, "Das musikerziehende Wirken Pythagoras und Damons" (Das Altertum, 1962)”.]. (Fonte: Os sofistas, W. K. C. Guthrie, tradução, João Rezende Costa, Paulus, São Paulo, 1995, p. 33-34 e 38).

 

 

 

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