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38 – Para falar sobre algo é preciso conhecê-lo.

Sofística

(uma biografia do conhecimento)

 

38 – Para falar sobre algo é preciso conhecê-lo.

 

Como Protágoras disse, “Sobre cada tópico há dois argumentos contrários entre si”. Ele visava a treinar seus alunos para elogiar e censurar as mesmas coisas, e em particular escorar o argumento mais fraco para que aparecesse mais forte. O ensino retórico não se restringia à forma e ao estilo, mas lidava também com a substância do que se dizia [Osório diz: este é o meu pensamento! Como falar de um assunto sem conhecê-lo? Falar falsamente sobre um tema é impossível!]. Como se podia deixar de inculcar a crença de que toda verdade era relativa e ninguém conhecia alguma coisa como certa? A verdade era individual e temporária, e não universal e permanente, pois a verdade para o homem era simplesmente aquela de que podia ser persuadido, e era possível persuadir qualquer de que preto era branco. Pode haver crença, mas nunca conhecimento.

 

Aos olhos de Platão, Sócrates era, na realidade, o verdadeiro mestre desta arte [Osório diz: isso confirma o que eu disse acima!]. Fez dela uso diferente dos sofistas, mas embora não fosse nenhum retórico [Osório diz: é muito cara de pau!]. Crítias, ao tornar ilegal ensinar a arte dos logoi, teve Sócrates particularmente em mente [Osório diz: mais uma prova de que Sócrates seria um sofista, menos para seu amante!], isso não foi inteiramente irrazoável. Estava convencido de que se alguém entendeu uma coisa podia "dar um logos dela" [Osório diz: isso reforça meu entendimento de que, a contrário, somente fala sobre algo quem sabe algo sobre ele!], e sua exigência de definições era exigência de que as pessoas devam provar que entenderam, a essência da coragem, da justiça ou qualquer outra coisa que estivesse em discussão, encontrando uma fórmula verbal que pudesse cobrir todos os seus casos.

Ele sustentava que quem conhece alguma coisa, também deve ser capaz de expô-la a outros” [Osório diz: mas isso leva à conclusão de que não existem discursos vazios, como se diz!]. (Xen. Mem. 3.3.11; ele argumenta que o bom comandante de cavalaria deve ser bom locutor):

 

Não se te ocorreu que todas as melhores coisas que aprendemos de acordo com o costume, pelo qual sabemos como viver, nós aprendemos pelo discurso, que qualquer outra boa lição que se pode aprender aprende-se pelo discurso, que os melhores mestres fazem o maior uso do discurso e aqueles com o conhecimento mais profundo dos mais importantes assuntos são também os melhores locutores? [Stenzel chega a ponto de dizer que a linguagem é o ponto de partida do ensino de Sócrates (Ztenzel em RE, 2, Reihe, v. Halbb. 821s.).” [Osório diz: depois dos outros expositores, por certo]] [Osório diz: Nada existe fora do discurso e nem todos sabem discursar bem, embora todos saibam discursar. Tudo é discurso!].

 

[Osório diz: Sócrates faziam perguntas sobre determinados temas sem dominá-los? Estranho, pois até para que se possa perguntar, com profundidade, como era o caso, é preciso conhecer e somente se conhece estudando! Como, sem ter conhecimento, ele perguntava o mesmo que os físicos sobre assuntos da natureza?]. (Fonte: Os sofistas, W. K. C. Guthrie, tradução, João Rezende Costa, Paulus, São Paulo, 1995, p. 52, 168-169).

 

 

 

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