Sofística
(uma biografia do conhecimento)
32.4 – Quem eram os alunos dos Sofistas?
A todos que pudessem pagá-los, independentemente da classe social. Assim é que com eles estudaram aristocratas, como Alcibíades e Crítias, e outros do povo (em especial, pessoas oriundas daquilo que seria a burguesia nascente). Conclui-se que dentre os alunos existiam dos Sofistas estavam pessoas estranhas à aristocracia pela própria reação de Platão e... Aristófanes, que, temiam, com a especialização de classes concorrentes, a perda do poder por parte da classe às quais os nominados pertenciam.
Nos diz Guthrie:
“O profissionalismo dos sofistas frisa-se pelo fato de que Protágoras tinha duas classes de alunos: jovens de boa família que desejavam entrar na política, e aquele, como certo Antimero de Mende (isto é, não ateniense), que estudava "para fins profissionais (epi techne), para se tornar por sua vez sofista". 24 No Protágoras (313c), Sócrates descreve o sofista como "o vendedor dos bens pelos quais a alma [a mente] é nutrida", e sugere razões pelas quais o jovem devia hesitar em se confiar a isso como um deles: como varejistas de alimentos corporais, eles elogiam suas mercadorias indiscriminadamente sem conhecimento dietético de sua inteireza; diferentes de alimentos, seus produtos entram diretamente na mente, e não se podem guardar em jarros até descobrir o que consumir e como e em que quantidades. Pela época em que Platão escreveu o Sofista (em que Sócrates não tem nenhum papel no argumento principal), eles tinham se tornado simplesmente (entre outras características indesejáveis) "caçadores pagos de jovens ricos". Desconfiança dos sofistas não se restringia a Platão. A ex-plosão de raiva de Anito deve ser verdadeira, assim como também quando o jovem Hipócrates, filho de uma "grande e próspera casa", se enrubece de vergonha ao pensar em se tornar sofista (Prot. 312a). No Górgias (520a), o oponente mais violento de Sócrates, Cálicles os descarta como "caras inúteis", e no FEDRO (257d), Fedro afirma que os políticos mais poderosos e respeitados têm medo de escrever discursos próprios e deixar obras próprias para a posteridade, temendo ser chamados sofistas, foi muito mais gentil ao lidar com os melhores deles como Protágoras, Górgias e Pródico. Uma observação pejorativa sobre sofistas, em conexão com Pródico, é posta nos lábios de Laches, e não de Sócrates (Laches 179d). Xenofonte, num epílogo moral ao seu tratado sobre a caça (e. 13), os censura como mestres de fraude.
["Se a Cynegetica é de Xenofonte, o que alguns duvidaram. Veja Lesky, Hist. Gr. Lit. 621s. Outros sustentaram que a passagem é influenciada pelo Sofista de Platão (Grani, Ethies, 1, 111) e frisaram que ambas foram escritas após a morte da primeira e brilhante geração de sofistas. Assim pode-se presumir, foram Protágoras e Meno, embora sejam Protágoras, Górgias, Hípias e Pródico para Platão os sofistas representativos.]
A atitude do público ateniense era ambivalente, refletindo a situação transitória da vida social e intelectual ateniense. Os sofistas não tinham nenhuma dificuldade de encontrar alunos para pagar suas altas taxas, ou auditórios para suas conferências e exibições públicas. Todavia, alguns dos mais velhos e conservadores [Isso não significa, necessariamente, aristocrático ou oligárquico como oposto a democrático. Anito era democrata eminente. A divisão entre democrata e antidemocrata corta entre bem-nascidos e plebeus. Péricles, que completou a revolução democrática, foi Alcmênide como Clêistenes que a começou. Dr. Ehrenberg o chamou "o democrata aristocrático". Cf. suas observações na p. 65 de sua Soc. and cio. in Gr. and Rome: "A velha educação aristocrática estava fora de contato com as realidades da vida contemporânea, mas era em larga medida a mesma classe dominante que governava o Estado democrático". Cf. também M. A. Levi, Pol. power in the anc. World, 65, 90. [Osório diz: Considerar!] desaprovavam fortemente a eles. Esta desaprovação vincula-se, como Platão mostra, com o seu profissionalismo.” [Osório diz: Só?!] . (Fonte: Os sofistas, W. K. C. Guthrie, tradução, João Rezende Costa, Paulus, São Paulo, 1995, p. 40-41).