Sofística
(uma biografia do conhecimento)
23.5 – Temperança, para Sócrates.
É Barbara Cassin quem diz:
“A temperança então, diz Sócrates, é "um tipo de ordem e de império sobre os prazeres e os desejos" (430e); para melhor explicá-la, lê se serve da expressão "ser senhor de si” (kreíttõ hautoü): "parece-me que essa expressão quer dizer que, no próprio homem, há, em sua alma, uma parte melhor e uma parte menos boa, e quando, como é natural, a parte melhor domina a parte menos boa, então diz-se que se é "mestre de si" (431a). É então, e somente então, que Sócrates propõe "voltar os olhos" (apóblepe, 43 Ib) em direção à cidade "temperante", para constatar que a melhor parte aí comanda, como no homem temperante, a menos boa.
A temperança é esse consenso (homónoian), consonância (xymphõnían) natural do pior e do melhor para determinar qual dos dois deve comandar tanto na cidade quanto em cada indivíduo". (Fonte: Ensaios Sofísticos, Barbara Cassin, Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão, Edições Siciliano, São Paulo, 1990, p. 86).