Poesias

Você está aqui: Home | Poesias
In Poesia

Poesia: deleite-se ou delete-me (08.04.16).

Maraãvilhosos,

Cris   gabi

 

                                                             por Cris Lima.

 

 

A arte de discurso (a dificuldade em dominá-lo).

(aula de Sofística na madrugada de um bar).

 

Há muito tempo me dedico ao estudo da Sofística, o primeiro “renascimento” da humanidade ocorrido no século V na Grécia, mais especificamente na cidade de Atenas.

Uma turma “da pesada” apareceu por lá e transformou o mundo da cultura ficando as bases de tudo que se tem até hoje!

Depois deles, mais ninguém!

Como esses “caras” mexeram com três coisas que até hoje a humanidade tem como “imexíveis”: Estado, leis e religião, eles são tidos como malditos!

Já foram mortos e varridos para debaixo do tapete milhões de vezes, mas seus ensinamentos resistem e persistem numa lucidez e clareza que, até agora, o tornam insuperável!

Está mais vivo do que nunca, embora muitos nem saibam disso e outros o usem sem dar o devido crédito, por extrema má-fé!

Os sofistas fizeram várias constatações, sendo uma delas que o homem somente é homem e difere dos demais animais porque fala!

Os gregos têm uma palavra para o falar, o dizer, o discursar e outros muitos significados, que é o lógos.

É pelo e com o logos que os homens vivem em sociedade onde convivem uns com os outros e, mal ou bem, tocam suas vidas.

Os sofistas mostraram que quanto melhor você for capaz de discursar, melhores são as chances do seu discurso sair vencedor, seja numa assembleia, seja em um tribunal, por exemplo.

Ora, mas para que o seu discurso, “esse minúsculo mais poderoso soberano”, triunfe, não basta que você tenha uma bela voz, sonora e possante, por exemplo, é necessário, também, que você tenha conteúdo e para ter conteúdo você tem que estudar, estudar o máximo possível e tudo que for possível, de forma que esteja habilitado a falar, com propriedade sobre todos os assuntos.

É claro que essa tarefa, no mundo atual, é quase que impossível, mas você tem que tentar, caso contrário fica em situação pior, que é a de nada saber.

Eles perceberam, ainda, que sobre qualquer assunto existem dois discursos, no mínimo, um contra e outro a favor. Os advogados modernos vivem fazendo isso, e se você quiser ser bom argumentador tem que fazer também! Você deve buscar ser capaz de usar seus próprios argumentos em favor da causa que você defende, mas até os argumentos de seu contendor, do seu adversário, fazendo com que a força dele se volte contra ele próprio. Seria, numa imagem, como se alguém disparasse contra você uma flecha e você, enquanto ela está no ar, fizesse com que ela voltasse na direção do arqueiro como um bumerangue!

Quem já viu um debate entre dois argutos políticos deve ter percebido que o último a falar parece ser o que tem razão, mas quando o outro toma a palavra mudamos de lado e assim ficamos sem saber, muitas vezes, que rumo tomar até o encerramento do debate.

Eu, particularmente, me encanto com pessoas que “têm as respostas na ponta da língua”, como se diz!

Estávamos num boteco e começamos a seguinte tertúlia, que, ao final, vi que fizemos, sem querer, um belo exercício sofístico. Ei-lo:

 

Eu: “meu pai dizia que as coisas grandes é que são bonitas. E olha que ele nem conhecia as pinturas das mulheres da Idade Média. Ele dizia que ninguém vai na feira e pede a menor manga, o menor abacaxi, a menor maçã, a menor melancia. Ao contrário, se escolhe sempre a maior”!

Embora saibamos que pessoas não são frutas, ele fazia essa metáfora e acabava por convencer seu interlocutor.

Marcos/Montanha: “é, mais ele tem que saber que mulher bonita é como melancia grande, o cara nunca consegue ____ sozinho”!

Marcelo ou Benjamin (?): “é, mais é melhor comer filé mignon dividindo com outros que comer osso sozinho”!

 

Rimos na madrugada encerrando o exercício sofístico não planejado, como são todos os outros que eles inventaram e que usamos sem sequer nos darmos conta que aqueles gregos foram genais!

 

Abraços,

 

Osório

 

POEMEMOS:

Sobre mim

Não perguntem,

a meu respeito,

aos meus inimigos.

Estes dirão o que sabem e o que não sabem.

 

Não perguntem,

a meu respeito,

aos meus amigos.

Estes dirão o que pode ser dito,

nem todas as verdades, certamente!

 

e,

Angústia

Tenho as mãos aflitas

entre as muitas em preces,

tenho a fé perdida

entre as muitas crenças,

tenho o corpo prensado

entre as muitas máquinas,

tenho o olhar angustiado

entre as muitas lágrimas,

tenho o amanhã incerto

entre as muitas fugas.

 

Autor: Juarez de Oliveira (Fonte:Encontro poético do paulista Paulo Bonfim e do mineiro Juarez de Oliveira. Café com Leite. Editora Juarez de Oliveira, São Paulo, 2008, pp. 206/207).

 

e,

 

Tão somente necessito

 

Não necessito de ar.

Nem de chuva

nem de uma noite de lua

nem uma praia

nem de um sol de meia noite

nem de um perfume de algas

nem de um solo de violinos

nem de uma rosa trepando na janela

 

Tão somente necessito, sentir que estás muito perto

Tão somente necessito, saber que me desejas

Tão somente necessito, saber-te enamorada

São somente necessito que me queiras

com isso já me basta.

 

Não necessito de um céu com estrelas

nem de um lar aquecido.

Nem de uma casa

nem de um canto de sereias

nem de um som de uma arpa

nem de um poema de Bécquer que se crave no funda da alma

 

Tão somente necessito, sentir que estás muito perto

Tão somente necessito, saber que me desejas

Tão somente necessito, saber-te enamorada

São somente necessito que me queiras

com isso já me basta.

 

Autor: Jose Luis Perales (tradução de Osório Barbosa).

 

 

 

Você está aqui: Home | Poesias