Vejam sobre quem falo: Leonardo Padura e Mario Vargas Llosa!
Padura “ainda” não ganhou um Prêmio Nobel de Literatura!
Llosa já ganhou um Prêmio Nobel de Literatura!
Creio que, pela teoria dos jogos, a soma dos dois escritores, com relação a premiação de Dylan teria zero como resultado. Mas, parece que não é bem assim.
Leonardo Padura, em seu artigo “Nobel a Bob Dylan: esnobismo nórdico ou injustiça artística?” (FSP, 12/10/2016), depois de citar nomes consagrados da literatura que também foram distinguido com o Nobel e outros que, segundo ele, merecem ou mereceriam tal prêmio nos diz:
“Direi apenas que vi com surpresa como se concedeu a recompensa literária que se supõe ser a mais importante do mundo a um escritor de letras de canções. Um dos maiores e mais influentes. Um poeta da canção. Claro, o grande Bob Dylan.
O Prêmio Nobel de Literatura. Esnobismo nórdico ou injustiça artística? Não sei, mas acho que não teria ocorrido a ninguém entregar um Prêmio Grammy a um poeta, um romancista ou um dramaturgo, graças à musicalidade de seus textos. Alejo Carpentier e Carlos Fuentes morreram sem o Nobel de Literatura. Milan Kundera e Philip Roth esperam pelos deles... Mais do que nunca, a resposta da Academia Sueca está boiando no ar.”.
Padura, por modéstia, ou falsa modéstia, não se inclui dentre os que, segundo o próprio, merecem tal prêmio.
Vargas Vargas Llosa, ao falar sobre o prêmio a Dylan (OESP, 27.10.16) afirmou:
“O Nobel deve ser para escritores e não para cantores”.
E acrescentou:
"O Nobel deve ser para uma obra literária de qualidade e reconhecida ou para uma que tenha qualidade e que não seja tão conhecida para que o prêmio a ajude a ter reconhecimento. Deve ser um prêmio para escritores e não para cantores".
E finalizou assim:
“Ao ser perguntado se conhecia as canções de Dylan, o escritor peruano, que recebeu o Nobel em 2010, respondeu afirmativamente e que também gosta das composições do músico, mas afastou a possibilidade de que fossem consideradas poesia cantada.”.
E agora? O que dizer do imprensado Bob Dylan e seu prêmio?
Está recebendo condenação de “ainda” não vencedores e de vencedores!
Tudo isso me levou a supor o seguinte: ou Dylan realmente não merece a distinção que recebeu ou tem algo estranho nessas duas manifestações de gigantes da escrita!
Como nada conheço de Dylan, exceto seu intérprete Suplicy(!), me permiti conjecturar seguinte:
Antes, como meia introdução, ponho o seguinte ensinamento:
“Alguns estudiosos (dentre os quais Helmut Schoeck, autor do livro ‘Inveja: Uma Teoria do Comportamento Social”), talvez para justificarem seu próprio crime/pecado, dizem que ele pode ser bom. Como um crime poderia ser bom?
O crime/pecado é a inveja!
Disse eu em algum outro lugar e oportunidade:
“Schöck notou que ela (a inveja) não está dirigida ao que a pessoa invejada tem, é ou parece ser: isto é cobiça, não inveja. A inveja é dirigida puramente à pessoa, muitas vezes sem se articular (e sem se saber) o porquê.”.
Padura, segundo Schöck, seria um invejoso?
Creio que sim, pois, penso, Padura escreve bem melhor que Dylan, mas não é “o” Bob Dylan!
Com isso justificamos o escrito contestatório de Padura como sendo fruto da inveja, da qual, aliás, todos padecemos, daí, na religião, ela constar como um dos pecados capitais.
Mas, e Llosa, que inclusive consta do rol dos agraciados?
Creio que o escritor direitista colombiano viu na concessão a Dylan uma "capitis diminutio"! Frase latina que significa, dentre outas coisas, “redução de capital, redução de direito”.
Ora, se Dylan não é um escritor e recebeu o prêmio, este não é tão importante quanto se supunha!
Todos aqueles que foram laureados com o Nobel não poderão mais bater no peito e dizer: “eu sou o bom”! “Eu sou o foda”!, pois poderá ouvir de algum maldoso:
“Grandes merdas, se até o Dylan ganhou tal prêmio”!
Penso que Llosa deve estar pensando: se até o Dylan ganhou o Nobel, qualquer bosta pode ganha-lo também, e isso, para mim, é uma "capitis diminutio"!
Ou seja, Llosa está jogando bosta no Dylan e com isso voltarmos à Geni!
Até mais,