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Nossa matriz moral, os Estados Unidos.

 

Nossa matriz moral, os Estados Unidos.

 

Caia a ditadura sobre o Brasil e um embaixador (Juracy Magalhães) cobrindo-o de luto, disse:

“O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”.

Talvez ele não tenha sido o criador individual da frase, penso que ela é uma obra coletiva, fruto do imaginário popular, pois, subservientemente, mesmo que não pronunciada, muitos costumam ainda pensar e agir assim, “meu louco amor”.

“Mas eu não quero agir assim”, mesmo sabendo que “eu tenho mil razões para te perdoar por amar”!

Estados Unidos, portanto, é o nosso espelho moral, mas, muitas vezes, ousamos, desnarcisicamente, tentar quebrar a água na qual queremos ver a nossa imagem, bastando para isso que ela comece a mostrar rugas que, desesperadamente, não queremos que o ser objeto de nossa paixão as veja.

Assim, ousarmos negar a própria imagem em busca de outra que atenda nosso desejo, embora este esbarre na realidade concreta, que alguns também chamam de verdade.

Vamos tentar mostrar isso em um exemplo?

Discute-se no Brasil, o Narciso, a nomeação de um Ministro para o Superior Tribunal de Justiça, pois teria havido uma “indevida intervenção política para a prática do ato de nomeação”! A presidente da República “ousou” nomear alguém que, no Tribunal, pudesse julgar de acordo com os interesses do governo que o nomeara.

(Tem matéria jornalística sobre o caso aqui: http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2016/04/delator-revela-plano-do-governo-para-ministro-do-stj-sabotar-lava-jato.html.)

Diz o velho Bienvenido Granda: “Hipócrita, sencillamente hipócrita”!

Os falsos moralistas cantam diante da realidade: “O meu mundo caiu...”!

A nomeação do ministro, mesmo que seja verdadeira a acusação, e não tem porque não sê-la, já que esse o preço que sempre se pagou e se pagará para tanto, transcorreu dentro da normalidade do que sempre ocorreu, ocorre e ocorrerá. “Uns dias chove, outros dias bate sol”!

Se a nomeação partir do partido que apoiamos, está tudo aberto, caso contrário, para os nossos adversários, está tudo fechado. Esse o casamento da lógica com a hipocrisia!

Aí começa-se, à Nelson Gonçalves, “prega sem ter moral”!

Mas, aí sim, o pior, prega-se contra a própria realidade do espelho que costumamos louvar sempre, sempre que nossos interesses encontram nesse o seu ponto de apoio e com isso podemos mover o mundo!

Vejam agora como se nega a própria imagem!

Morreu, recentemente, um juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos, Antonin Scalia! Começou, então, o processo de substituição do finado, mas quem será o escolhido?

Sabe-se e diz-se abertamente que Antonin Scalia era um “republicano”, foi nomeado pelo Partido Republicano quando estava no poder. Hoje, para sua sucessão, está no poder o Partido Democrata.

Os contendores dizem: o atual presidente (democrata) está no fim do mandato, esperemos por uma indicação do próximo presidente (isso por acreditarem na vitória de um republicano). Os outros retrucam: o presidente ainda tem um ano de mandato e nada o impede de fazer a indicação (não têm “certeza” de que vencerá o pleito um democrata).

Como resolver o impasse?

Não interessa e isso, para o nosso caso, não vem ao caso!

O que quero mostrar é que lá, no nosso espelho moral, também “se escolhe por interesse”, por “partidarismo”, ou seja, escolhe-se quem vai julgar de acordo com os interesses do partido que o nomeou, sem que isso, por aqui (na mente do refletido), tenha qualquer razão para a mais leve censura. Já quando o mesmo processo é repetido aqui o mundo cai! E cai não pelo fato do escolhido não ser do nosso partido, mas por censurarmos pura e simplesmente a própria moral que praticamos.

Não ousamos dizer: esperemos pelo próximo presidente, mas vamos mais longe e dizemos: isso é imoral, pois o presidente deve “agir honestamente, escolhendo um ministro sábio, justo e independente”!

Washington é sábio: “Sabe nada, inocente”!

Sabedoria, Honestidade e Justiça jamais levarão alguém a ser ministro, embora alguns que chegam lá sejam sábios, honestos e justos!

Isso é comprovado pelo processo de escolha que está aí e ainda, ao que eu saiba, não foi inventado outro melhor!

A Constituição Federal fala que o escolhido deve ter “notório saber jurídico e reputação ilibada”!

Não bastasse a dificuldade de “pesar e medir” o que é notório saber jurídico e reputação ilibada, mesmo que tal balança e fita métrica existisse, o “escolhedor geral da República” (o presidente) sempre poderia colocar um pé ou dedo no prato da balança para aumentar o peso do seu favorito, na verdade, “favorito da fortuna”!

Sem contar que o presidente da República pode ser semialfabetizado! 

Fortuna que será paga, quando o escolhido é “um homem de palavra”, com fidelidade canina ao seu benfeitor.

Portanto, na enrubesça com tais escolhas se você tiver boa fé, pois o enrubescimento dos hipócritas são apenas uma repulsa ao que eles veem no próprio espelho no qual se miram!

Até mais,